17.6.09

Guten Morgen Berlin


Tacheles


Freitag, acordo para a aula na Uni. Um pouco atrasado, então ponho qualquer roupa e corro pra pegar o U2 até a Ernst-Reuter Platz, onde fica o prédio da TU. Também não dá tempo de comer em casa, a geladeira está vazia, teria que ir no supermercado comprar umas coisas, como um dönner na rua [im schatten der dönerläden], melhor e mais barato que a comida do Mensa.

Chego na aula atrasado, levo uma encarada severa do professor, aqui pega muito mal não ser pontual. Mas tranquilo, é apenas a aula do curso de alemão. Enquanto o professor vai discorrendo sobre toda a história alemã, Bismarck, Hitler, DDR, Muro... olho pela janela um pouco desatento. Vejo o Tiergarten com suas árvores cheias de vida, é primavera, embora teime em fazer frio. Também posso ver logo à frente o Siegesäule, memorial de guerras vencidas. Ao canto e mais próximo, vejo a Gedächtnis Kirche, memorial da [2ª] guerra perdida. Ao fundo o prédio enorme da DB e ao lado o prédio hi-tech da Sony Center. Ainda posso ver a ponta da Rathaus Berlin e algo que acho que seja a cúpula da Berliner Dom. E claro, mais ao fundo, imponente como sempre, a Fernsehturn.

Volto a atenção à aula, pois está passando fotos impresionantes do pós-guerra, me vem logo Germania Anno Zero, de Rossellini, filmado nessas mesmas ruínas. Sem dúvida um dos melhores filmes já feitos e um dos mais importantes em relação à história. Mais alguns textos, exercícios e imagens e a aula termina. Me despeço de todos, schönes wochenende für alle, tschüss.

De volta ao metrô, indo pra Neukölln resolver umas coisas, dois homens discutem. Um quer ter o direito de cantar alto e o outro quer o direito de ficar em paz. Depois deste quase partir para a agressão física e um terceiro se meter no meio, acaba-se a confusão. Vou planejando o que posso fazer no final de semana, talvez uma festa no Bierkeller do Siegmunds Hof mais tarde, o Wohnheim mais doido de Berlin ou ir pra FKK no Wansee, ou ainda tentar entrar no Kit Kat Club. Não dessa vez. Só não espereva que fosse fazer muito mais do que o planejado nesses dias. Atenção desviada para o Prenzlauer Alle S-Bahnhof, onde o que parece ser dois grupos de nazis, se enfrentam. Polícia, confusão, um cai no chão, cada um pro seu lado. [an der ecke gibt es stress zwischen tarek und sam]

Andando pela Alex com um dönner na mão, sigo com o U8 pra Rosenthaler Platz, de lá, Weinerei Cafe, que não anda o mesmo. Me contaram quantas taças de vinho havia tomado e queria me cobrar x. Disse que tava sem muito dinheiro e que na próxima vez pagava. Claro, lá sempre funcionou assim. Depois de muita discussão, vou embora triste, como é difícil sustentar as utopias. Rumo ao Tacheles então, bebo uma cerveja e já estou cochilando no sofá.

Outro dia começa, quase sem pausa. Passando a mão pelo Muro de Berlin, vejo as cartazes do show de Peter Fox em outubro com os ingressos esgotados e do lado outros muitos anunciando o tour de Massive Attack. Yeah beiber!

É dia de Flohmarkt no Mauerpark, um dos melhores lugares de Berlin. Alguém canta I will Survive no karaokê levando a pláteia ao delírio. Uma dupla tira um som impresionante com voz, sax e violão, enquanto um menino travesso fica na frente batendo duas baquetas uma na outra. Indo para a Postdamer Platz tentar conseguir ingresso para a Premiere de Transformes 2, deve ser uma merda de filme, mas de graça vou muito. Sem sucesso, muita gente se apinhando pra conseguir ingresso, fiquei com minha cerveja na mão vendo as pessoas passando no tapete vermelho. Michael Bay desfila para as câmeras com sua mulher, no coments.

Outro dönner, dessa vez na frente do Denkmal für die ermodeten Juden Europas e depois o pôr do sol no Brandenburg Tor. Deitado na rua, penso como é lindo poder ver isso tão de perto.

Café pra terminar o dia e quase emendar no outro. Dia chuvoso, faz frio, então vamo beber! Chinês no Treptow Park tem cerveja de barril bem barato, o quisque do lado vende azeitonas. Perfeito para passar o dia. Mas uma hora o chinês tinha que fechar, sem conversa para a saidera. Kotti em Kreuzberg tomar a saidera, a chuva continua, mas dentro do Getränke Shop não pode fazer fumaça. Do lado de fora, se apertando para a chuva não molhar, vendo os ônibus com dois andares passando, a cada 10 minutos exatos.

Perco a hora do metrô aberto, pois é dia de semana. Para chegar em casa tenho que pegar dois ônibus. M29, depois N2, mas no frio não tem pontualidade que me faça esperar sem reclamar. [der bus kommt nicht]
Finalmente na rua de casa com o sol aparecendo [halb sechs, meine augen brenn], frio insuportável, pois não estou tão bem agasalhado [ich mach die jacke zu denn es ist kalt], chego em casa só querendo dormir. [ich geh nach hause und schlaf mich aus]

Guten Morgen Berlin,
du kannst so häßlich sein, so dreckig und grau.
Du kannst so schön schrecklich sein,
deine nächte fressen mich auf.
Es wird für mich wohl das beste sein,
ich geh nach hause und schlaf mich aus.
Und während ich durch die strassen lauf
wird langsam Schwarz zu Blau.








ps.: Sei que estou devendo o texto e as imagens do Marrocos e Espanha, mas tudo isso tava pulsante.
pps.: O mito dos sensores foi desfeito, gracias. =p
ppps.: Semana começa e vou assistir aula na Uni, mas todos os prédios estão ocupados. A TU Berlin virou um enorme ocupa! Semana de protestos em Berlin. Tem demo na Alex agora e amanhã bicicletada. Soube que em Madrid todo mundo tirou a roupa na Plaza Mayor num ato sobre criação de ciclovias.



UHU

11.6.09

Primavera


Alcala de Henares



Quiero hacer contigo. Lo que primavera hace con los cerazos.



[já me dizia você quando era sempre primavera..]

7.6.09

Marrocos # FOTOS # Parte 1







Somente algumas das fotos da primeira parte da viagem ao Marrocos. Muito o que escrever, muito o que postar. Sem palavras para o que foi essa viagem, ainda não realizei na cabeça, ainda não digeri. Foi sensacional.

Não podia ter companhia melhor, outros três doidos, que topavam qualquer "desvio" do "roteiro" (desculpem as aspas). Conhecemos o Marrocos quase todo, quase 2000 km de carro, fizemos os dois lados do Atlas, estradas perigosas, várias cidades, cachoeira, montanhas, paredões, praia, deserto do Saara, calor absurdo em Erfoud, onde pegamos 52 graus. Enfim, um milhão de coisas pra contar, foi um choque cultural absurdo, 99% da população é muçulmana, foi um exercício lidar com tantas diferenças. Chegando em Berlin escrevo com mais calma e posto mais fotos.

1. Hassan II, Casablanca; 2. Cemitério em Rabat; 3. Almoço (20 Dhs).

Flickr: http://www.flickr.com/photos/brecht_deandada/sets/72157621037633657/

07. Junio, Valladolid