16.8.10

Uma semana

Puta que pariu, como é louco dizer: em uma semana estou em Recife. Isso é até bem feliz de dizer, vem bons sentimentos, um frio de ansiedade na barriga. Mas é bem triste dizer: em uma semana não estou mais em Berlim. Porra, isso é mesmo foda. Algo que me já me deixa muito pertubado a vários dias. Bom, mas não posso estar em dois lugares ao mesmo tempo, e mesmo se isso fosse possível, não queria. Fico feliz por ter me jogado mesmo nesse tempo em Berlim, de quase ter cortado relações com o Brasil, de mesmo não saber o que se passa por lá. Tudo será novo de novo, e nada será como antes. Voltar com olhos de quem viu muita coisa diferente, voltar ainda mais revoltado com nossas mazelas, voltar chato pra caralho com música e vida noturna. Ficar frustado por não achar um Döner às 06 da manhã de uma segunda, ficar doente com tantos muros e cadeados, ficar mesmo com vontade de explodir todas essas bolhas criadas para imitar uma vida civilizada. Fotografar, fotografar o quê? Cotidiano, pessoas, isso é o que me interessa. Vou conseguir fazer isso com armas apontadas na minha cabeça? Voltar, voltar e não pensar mais em nada com relação a Berlim. Assim com me desliguei de tudo em Recife, vou me desligar de Berlim. Isso dói, mas sim, não vou estar em dois lugares ao mesmo tempo. Se bem, que jamais vou conseguir me desligar totalmente de Berlim, mesmo se quisesse. Talvez volte pra minha cidade, Berlim, e aí volto de vez, talvez assim passe a ser menos radical e consiga dessa vez manter relações com minha cidade, Recife. E agora mesmo que se foda tudo, 1000 km por hora até chegar no Brasil. 

7.8.10

Febre

Depois de tomar duas aspirinas, ainda tenho 38,6° de febre. Sabe-se lá quanto eu tinha de febre antes das aspirinas. Nisso, estou num sábado à noite em casa, e enquanto está acontecendo uma Open Air de graça com Dubstep lá perto de Ostkreuz, estou eu aqui vendo essa TV bizarra alemã. No Pro7, canal mais popular e o "melhorzinho", dois homens chupavam de joelhos dois picolés cor-de-rosa. Boquete em horário nobre. Depois de muito procurar algo que valesse a pena assistir, vejo que irá passar Family Guy na MTV, canal esse que se torna a cada dia pior. Pelo menos lá também passa South Park.

Mesmo com febre, ainda fui numa exposição de fotografia na C O Berlin. Exposição da Magnun, companhia formada, entre outros, por Bresson. Exposição que vale muito pelas fotos dele, sobretudo as tiradas na URSS, sendo ele o primeiro estrangeiro autorizado a fotografar a União Soviética durante a Guerra Fria.

1.8.10

Clichê berlinense

Clichê

Caí no clichê nesses dias. No sábado à noite, no teto de uma fábrica abandonada, o sol se põe, a Fernsehturm logo à frente e os antigos blocos de concreto da DDR à direita compõem o panorama. O som vem do Bar25, brinde com uma Berliner Pilsner, matar fome com um Döner.

Sim, isso chega a ser um clichê.

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Fotos, longa exposição, dupla exposição. Pegar a bicicleta, Friedrichhain, Simon-Dach-Strasse, Drum n' Bass no Raw Tempel, bicicleta, passar na frente do Berghain, Döner, Raw Tempel, S-Bahn, bicicleta, ter que colocar de novo os óculos escuros.

Domingo digo, hoje não faço nada. Mensagem de um amigo, tem rave rolando ao lado da fábrica. Bicicleta, S-Bahn, Berliner Pilsner, fábrica abandonada, foto excelente que deu lá em cima. Rave, Berliner Pilsner, tenho que dormir um pouco, S-Bahn, bicicleta, Studentenwohnheim.

Isso tudo começou na quarta e foi se emendando até o domingo. Bar25, duas despedidas, White Trash, Luzia, Weekend, Simon-Dach-Strasse, Suicide Circus, Foto Tour, Märkisches Viertel, S-Bahn, bicicleta, fábrica.

Hammageil!