6.4.09

Praga - Prag - Praha






Es war spät Abends als K. ankam.





Foi através de Kafka que passei a me interessar por Praga. Seja quando ele narrava sobre as ruas dos bairros afastados, onde Josef K. seria julgado; ou na catedral onde se dá início aquela parábola sufocante [Diante da Lei] no mesmo livro; ou até mesmo a curiosidade, "de onde esse monstro vem?". O certo é que Praga é muito mais que Kafka, é muito mais que Kundera, ou qualquer outro cineasta ou músico tcheco, é um lugar mágico, indescritível, que não sei nem como vou conseguir narrar aqui. Tentemos, então.

Praga fica a apenas 350 km de Berlin, 4 horas de carro. Melhor alternativa seria Mitfahrgelegenheit (carona) porque seria mais rápido e barato, mas não encontramos nada no dia que queríamos, de trem não encontramos nada muito barato, então a solução foi ir de ônibus, 20 € (ida) 5 horas de viagem. Não foi nada mau.

Chegamos lá, perto das 15h na estação rodoviária de Praga, Florenc. Conseguimos sacar e trocar dinherio de boa (lá ainda não adotaram o euro, ainda usam coroas tchecas - 1 € = 25 kcz) e fomos tentar chegar no albergue. O metrô era perto, sem problemas pra achar. O metrô de lá fica muito abaixo da terra, muito mesmo, talvez por isso aquelas escadas rolantes sejam tão enormes e tão rápidas, e como são! De lá tínhamos que ir para Karlovo náměstí, conseguimos comprar passagem tranqüilamente e pegar o trem certo. Tudo foi fácil, apesar do idioma, porque o metrô se parece muito com o de Berlin, além de ser bem menor.

Descemos na estação e já vimos aquele prédio pós-moderno de Praga, esquecemos roteiro e tudo mais e fomos ver ele de perto. Por sorte andamos na direção certa e já estavámos no Vltava, rio que corta o centro de Praga. Com mapa impresso no google maps, achamos rapidinho o albergue. [A gente depende tanto do google, meudeus. ms até que ele é bem eficiente.] O albergue era o Chili Hostel, quarto com mais 4 pessoas, que na verdade só tinham mais duas, por 17 €. Até que foi limpeza. Foda que o quarto ficava no último andar, o quinto. Subir aquelas escadas mais tarde não foi fácil.


Deixamos tudo no albergue. Corre, corre, senão o sol vai embora! Parada pra comer uma pizza lá por perto, no Popo Cafe Petl. Um keller (porão) - como a maioria dos bares em Praga, a gente entra e tá tocando Cowboys, de Portishead! Putamerda, virei freguês! E super barato, como quase tudo em Praga, pizza pra uma pessoa por 49 kcz e a melhor cerveja que já tomei na vida por 23 kcz, a Staropramen - a cerveja tcheca é a melhor do mundo, bem mais suave que a alemã e gostosa pra caralho!

Já na rua andando pela beira do Vltava e quase gritando, que lugar é esse?! Chegamos na principal (isso é muito relativo) atração turística de lá, a Karlův most [Ponte Carlos], mas fomos para o outro lado, atrás do relógio astronômico e da Wenzplatz (a praça onde rolou a Primavera de Praga - essa só achamos de madrugada). Achamos o relógio, faltava quinze minutos para o "show" que o relógio faz quando vai trocar de hora, demos uma volta na praça, sol já descendo, pausa pra comer um cachorro quente típico de Praga com uma linguiça maior que o pão baguete e super gordurosa, recomendo não. Vimos a troca de hora na frente do relógio, muitos turistas se aglomeram pra ver isso, mas nada demais não. Então fomos tentar ver o pôr do sol na Ponte Carlos e ir atrás do Castelo de Praga. O sol já havia descido, mas ainda tava meio claro, as fotos ficaram imorais, e a culpa não foi minha.

Subimos infinitamente as ladeiras que iam dar no Castelo, e a gente nem tinha certeza se ia dar mesmo lá, mas no caminho tudo era tão lindo, as casinhas, as vielas, as escadarias estreitas e aqui e acolá uma torre enorme de alguma igreja ou coisa parecida. Chegamos no castelo e nem nos demos conta que era o castelo, era tão enorme que mais parecia um conjunto de palácios ou sei lá o quê. Entrando no castelo, andando, observando tudo, aí vimos duas torres enormes, que porra é essa?! Chegando perto, caralho!!! A Catedral de Sao Vita (acho que é isso) - Katedrála svatého Víta, que fica dentro do castelo. Uma coisa imoral! Catedral gótica, enorme, milhões de detalhes, incrível! Andamos bastante até chegar do outro lado do castelo, onde se podia ver a cidade toda de cima. De lá voltamos pra entrada principal do castelo e subimos ainda mais um pouco, para depois voltar para a Ponte Carlos e a Praça do relógio.

Lá comemos um porco, que é feito quase inteiro na brasa, meio caro, mas isso eu recomendo comer, muito bom! Andamos, andamos, quase sem rumo, pensando que não tinha nada mais pra ver, mas a cada rua, uma igreja, uma torre, um museu, uma casa de ópera, tudo enorme e suntuoso. Procurando um bar para tomar uma cerveja, comer algo e depois dormir, acabamos voltando pra perto do albergue, atrás do Popo Cafe Petl, que já tava fechado. Fomos pra outro bar, dificuldades pra falar com as pessoas, mas em bar os sinais são universais. Em Praga pensamos que quase todos falariam inglês ou alemão, mas não, muito gente só falava tcheco, e quem entende??? [As pessoas lá até que são simpáticas, diferente do que havia escutado. Mas, de fato, tinham pessoas muito antipáticas em Praga, que não queriam dar informação e não faziam o mínimo esforço pra ajudar. Mas tudo bem.]


Albergue, escadas infinitas, apaguei. Cinco horas depois, acorda! Comprar absinto, postais e tentar ir no Museu de Kafka. Café no albergue meio mais ou menos, mas foi só 60 kcz, tá lpza. Fizemos o check out logo, porque tinha que fazer até as 10h e iamos voltar nesse dia, mala enorme nas costas e rua. Comprei o absinto! 700ml 60° por 325 kcz! Acho que tá valendo.

Pensamos que o Museu de Kafka seria onde ela havia nascido ou pelo menos onde ele tinha morado e escrito algum livro, mas não, era só museu mesmo. Depois descobrimos que existem duas casas conservadas onde ele morou, numa delas é outro museu, se não me engano. Mas não deu tempo de ir lá. O museu é bem sensorial, com sons estranhos e projeções idem. Tem toda a história dele, muitas cartas, alguns manuscritos (as duas primeiras páginas do Castelo também!) e quase todas a primeiras edições dos livros dele. Vale a pena conhecer. Mas pouco tempo lá, a cidade vale bem mais a pena.

Ainda andamos um pouco pela cidade e já deu a hora de ir pra rodoviária. Trabalho pra achar de novo a estação, mas enfim achamos. Ônibus, dönner tcheco com preparo asiático e estou em Berlin de novo.


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