Esse cara é realmente foda. Estou relendo O Verde Violentou o Muro. Livro lindo, escrito por um cara que realmente viveu essa cidade, toda essa loucura, insanidade e sossego. Como voltei a ler o livro, voltarei a escrever. Uma coisa está intimamente ligada a outra. E nessa minha releitura, me deparo com partes realmente fantásticas. Cito uma delas agora:
[...]
"Lugares sempre me interessaram, preciso deles, tenho os meus, particulares, secretos. A casa de Duras, junto a um bosque. "Cada vez que estou aqui tenho vontade de filmar. Isto pode acontecer, lugares me dão vontade de filmar." Transponho: há lugares onde tenho vontade de escrever. E esta foi minha identificação com Berlim. Uma química entre luz-árvores-ruas largas-sol-silêncio provincial-possibilidade de isolamento-participação total: pronto, a cabeça transformada, o clima propício. Escrever, andar, ler, não fazer nada: é Berlim. Reencontro Duras: "Se eu fosse suficientemente forte para não fazer coisa alguma, não faria. Justamente por não possuir esta força de não fazer nada é que faço filmes. Ainda: "O que de mais importante já me aconteceu foi escrever. O que me espanta é que nem todo mundo escreva. Tenho uma admiração secreta pelas pessoas que não escrevem, e também, bem entendido, pelos que não fazem filmes.""
Transponho isso também e coloco tudo em relação a fotografia. Nunca vi cidade tão fotogênica como Berlim. Ela adora ser fotografada, de vários ângulos. Se despe e toda nua se dá por inteira ao homem atrás da câmera.
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