12.9.10

Zeitreise


Słońce
Upload feito originalmente por brecht [Albrecht Mariz]
As portas do vagão se fecham, o trem começa a andar. Quantas vezes não era eu que estava ali, naquela mesma plataforma, com o olhar triste por ela ir passar umas semanas em casa, ou com um sorriso ansioso esperando ela descer do trem. Agora, ela ficou, eu tive que partir, mas não pro país vizinho, e não por algumas semanas, mas por muitos meses.

Quando o trem partiu, e não pude mais ver ninguém que tinha ficado na plataforma, fui procurar meu lugar. Chego na cabine, cinco adolescentes ocupam todo espaço, o lugar que sobra, claro, não é na janela. Apesar de eu ter reservado meu lugar na janela deixei o cara que dormia com a namorada ficar lá. Foram tentando puxar papo, eu falando pouco, com meu inglês terrível, eles também. Eram tchecos, estavam vindo de Praga e indo para Amsterdam. Coffe shop, red light district, maconha, drogas, e os olhos deles brilhavam. Depois de um tempo um casal some por um bom tempo, ganho uma cama. Não consigo pregar o olho, mas apesar disso, a viagem passa até rápido. Hora de trocar de trem. Quando já estou descendo, o cara que dormia com a namorada e não havia acordado em nenhum momento, vem correndo atrás de mim, e sem falar nada, me entrega meu marionete e volta para a cabine. Não aguentava mais carregar esse marionete e tive a idéia de deixar para ser o mascote deles da viagem. Não deu certo. Agora tá assustador, por ter se quebrado todo na viagem.

O segundo trem já está esperando na plataforma, pergunto qual o meu vagão, o último. Estava no primeiro, e em cinco minutos o trem iria partir. Deu tempo. Trem bem melhor, dessa vez ninguém indo pra Amsterdam, pessoas com cara de cansadas, fazendo provavelmente uma viagem de negócios. O homem que dorme na minha frente, não fecha os olhos enquanto dorme. Fiquei olhando direto nos olhos dele, sinistro.

Trem atrasa, preciso descer em outra estação e pegar outro trem pra chegar no aeroporto. Já de manhã na cidade de Mainz, vários engravatados esperam o trem para Frankfurt, trem lotado, mas consegui pegar um lugar sentado.

O aeroporto de Frankfurt é enorme, mas por sorte acho o Check-in rapidinho. Assim que faço check-in aparece um amigo meu. Não acreditava que ele ia aparecer. Aquilo foi mesmo do caralho, um grande amigo aparecer pra se despedir. Ainda tempo pra um café, se bem que idéia original era tomar uma cerveja para lembrar dos dias na cozinha de casa quando a gente decidia que não ia fazer nada nesse dia, a não ser beber. Ou então morrer de rir, com os olhos vermelhos, vendo um outro vizinho alucinado cozinhando freneticamente com uma quantidade absurda de temperos.

Mais uma despedida, como é difícil pra mim, e vou para o portão de embarque. O aeroporto de Frankfurt agora sim se mostra enorme, devo ter andado quilômetros até achar meu portão. Já no avião, última ligação, no outro lado, voz triste, fica bem, se cuida, me mande notícias, por favor. Cruzando o oceano, sempre o maldito oceano, Salvador, Recife.

2 comentários:

  1. me arrepio com todo post teu.
    seu danado!

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  2. Pois é, Brecht. Esse oceano as vezes parece ter um buraco negro de distancia. Mas na verdade nem é tao longe assim.

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