28.10.09

Sempre o mesmo (?)

Escrevi um texto sobre ciclos, meio inspirado em Josué, [Josué!!!] mas ficou meio denso e pesado. Não condiz com meu estado de espírito, particulamente hoje. Ia escrever sobre ciclos, movimento de translação e orbitas. Mas no caminho de casa vim pensando em movimentos de rotação. Tempo passa, tempo voa e... eu não mudo! Pelo menos a maioria das coisas permanecem. Bom? Ruim? Não sei. Só sei que é fato. Continuo andando na rua na velocidade dos meus pensamentos, idéias que brotam a todo instante, mas que tenho o péssimo hábito de não botá-las logo em prática, fico processando, processando e nem sempre saem do plano das idéias. Se bem que ando melhorando isso, né? Continuo sendo completamente desorganizado (agora por exemplo era pra tá fazendo outra coisa, que está em algum lugar anotado. Devo até ter perdido). Continuo dormindo em coletivos e acordando em terminais, gastando muitos dinheiros com xerox, tendo quilos de coisas pra ler (pode-se dizer que agora pesa uma tonelada, pelo idioma ser o alemão), bebendo demais, tomando café indiscriminadamente, dormindo tarde, acordando cedo e completamente compulsivo com as coisas que gosto de fazer. Feliz pra caralho com as pessoas daqui, com as do Brasil e já espalhadas pelo mundo, com os sempre BÄrlinArs que já voltaram a suas casas ou que ainda continuam sua trajetória por aí ou com as pessoas que fui encontrando de andada. Tá difícil manter contato com todos, mas sempre há a conexão.

Na Uni, Bourdieu, Schumpeter, Arrow, Florida, Schutzel. Antes de durmir, Kafka. Cinema, Das weisse Band e Good bye Lenin e de trilha sonora eu não preciso nem dizer oder?

Já 15 minutos escrevendo o texto! Vou-me!

Und na ja, Portugiesisch war verboten, eigentlich ist es noch total verboten zu sprechen und zu schreiben aber keine Lust und keine Zeit jetzt zu schreiben auf Deutsch wie ich jetzt mich fühle.

ps.: Esse blog tá pessoal demais! Tenho que parar com isso!
ps2.: O que é que está acontecendo???

25.10.09

be different, be colorful, be berlin.

Die Festival of Lights ist fast vorbei. Heute ist den letzten Tag und wahrscheinlich mache ich noch Fotos von Funkturm, Schloss Charlottenburg und Charlottenburg Rathaus. Die Festival war total krass und ein bisschen anstrengend, durch die ganze Stadt mit Fahrrad und Stativ (ich habe ein neues und ganz gut gekauft!) und klar, total kalter.

Die Uni hat angefangen, ich habe nur sechs "Vorlesungen" gewählt aber habe ich schon zwei gelassen. Eine war über Politik, ok, gut. Aber war es im Fach von Umweltpolitik, kein Lust. In Vorlesungverzeichnis es gab kein Info über. Die andere dass ich gelassen habe war in Architektur Fakultät. Ich habe in die Vorlesungverzeichnis "Industriekultur im Ruhrgebiet" gesehen. Und dann, cool, Kultur und so, mein Fach. Aber war es über die Industrie und nicht über Kultur. Eingentlich über die Gebäude in diese Industrie, klar Architektur ne. Aber, aber...

Ich mache jetzt ein total ganz gutes Seminar über Kulturwirtschaft (Kuwi), eine Vorlesung und eine Übung über Innovationsökonomie und die Deutschkurs (C1 - Grammatik!). Natürlich muss ich noch etwas wählen, wahrscheinlich in die FG Regionalplanung. Ich brauche nicht die 30 ECTS Punkte wie die ganze Erasmus und dann ist es sehr Flexibel.

Gestern war ich nicht in die Erasmus Party. Wir haben hier zu trinken angefangen zu dahin gehen aber sind hier die ganze Nacht geblieben. Fast ein Flasche von Gin für zwei! Die fast leer Flasche, Zitrone und so weiter sind noch auf dem Tisch. Ich muss diese aufräumen...

Ich fang mit diesem Text zu schreibe hier auf Deutsch an. Schade dass ich mehr Zeit als auf Portugiesisich brauche und dann die Texte kann nicht sehr langer sein. Und natürlich, zu viele Fehler, man sehen. hehe Aber es ist eine gute Übung und die Leute kann verstehen (denke ich). Die nächste Texte werden mehr interessant und mehr kreativ sein.

Guten Morgen Berliner!

21.10.09

Sintonia

Mesmas sensações, mesmos sentimentos e mesma energia. Sempre é assim com a gente. As vidas vão caminhando nem sempre do mesmo jeito, mas a maneira como nos sentimos sempre se assemelha. Isso é uma constatação, toda vez que nos falamos e descremos como andamos nos sentindo, compartilhamos do mesmo sentimento. Às vezes pode não ser bom, pois acabamos sem equilíbrio nenhum, super frenéticos e de bem com tudo ou num poço que parece não ter saída. Nunca conseguimos nos ajudar muito nesse sentido, pois o que se passa com um, acaba se passando com o outro, o máximo que podemos é compartilhar nossos tristezas e frustações e assim nos consolar. Mas quando se passa alegria, realizações e harmonia, não conseguimos nem conversar direito, tanta é a energia. Talvez seja só uma enorme coincidência, mas é incrível como isso pode se passar mesmo estando completamente distantes um do outro fisicamente. Ainda talvez, esteja aí a resposta, estamos longe apenas fisicamente, mas de alguma forma bem próximos um do outro, na nossa eterna cumplicidade. Uma sintonia fina por assim ser. As cores agoram explodem, seja no ensolarado verão de Recife ou no gélido outuno de Berlim.

20.10.09

Festival of Light - Maratona


Festival of Light
Upload feito originalmente por brecht [Albrecht Mariz]
Uma da manhã, acabo de chegar da maratona que foi fotografar quase todos os monumentos importantes de Berlim. Desde às 19h na rua, começando pela Oberbaumbrücke, onde passei mais de uma hora - as perspectivas eram infinitas! Depois fui pra Alexander Platz, encontrei com dois amigos, fotos excelentes. Então eles foram para a Oberbaumbrücke e eu fui para o Portão de Brandemburgo. No caminho, claro, mais um monte de coisa pra fotografar. Multidões de fotografos com seus tripés e paciência sem fim.

As fotos ficaram legais. Apesar de não ter nada mais o que fazer a não ser regular o iso e o ev, até que minha câmera quebra um galho. Mas preciso de um tripé decente e urgente, difícil enquadrar as coisas com essa coisa de 10 cm, mesmo eu deitando no chão. Me pergutaram até se eu precisava de ajuda, porque eu tava deitado no chão, com a bicicleta jogada de lado, parecia que eu tinha caído com a magrela. hehe

Por enquanto só postei essa foto da Fersehenturm, depois posto o resto.


Amanhã tenho aula pela manhã, Innovationsökonomie. Perdi a introdução e a primeira aula, o professor parece cobrar bastante e ser bem metódico. Se não der, vou fazer Regionalplanung und Stadtentwicklung, que é no mesmo horário. Cadeira do departamento de planejameto regional e urbano, que é do caralho! Ah! Hoje foi a primeira aula do seminário sobre cultura. Parece ser muito, mas muito bom!

Hoje, indo pegar o metrô, pensei: Que massa, vou poder tirar um cochilo entre as estações. E na volta pra casa voltei tentando ler o texto do seminário de hoje, mas dormi com os papéis na mão. Mesma coisa de sempre em Recife naquela rotina doida. Bom que isso aconteça aqui, significa que minha rotina tá menos (bem menos) marasmo do que foi no começo. Enfim, enfim, vou dormir.

19.10.09

Manhã de segunda

Acordo cedo, tomo café, começo o dia olhando o tempo, 0° C, apesar de fazer um sol lindo lá fora e não ter uma nuvem no céu. (Sempre falo do tempo, acho que por vir de um lugar que fazia entre 25°-28° o ano todo, e agora num lugar onde pode fazer 26° num dia e no outro já despencar pro -1°, essa coisa toda se torna sempre novidade pra mim).

Começando a semana disposto, ciente da loucura que vai ser. Agora é hora de organizar metodicamente o que fazer cada dia, se bem que nunca sigo essas coisas.

Durmi super mal, sonhos estranhos, fico com os dias na cabeça em contagem regressiva pensando no muito que tenho que fazer, seja ainda como turista, em relação a Uni ou relação a pessoas. Quase tudo paira na minha cabeça como obrigação, isso às vezes é ruim.

Trilha do dia, Morcheeba.

Bom dia, bom dia.

18.10.09

Festival of Light


Schloss
Upload feito originalmente por brecht [Albrecht Mariz]
Semana passada começou o Festival of Light. Todos os principais monumentos da cidade estão com uma iluminação especial. A Fernsehenturm mereceu até uma deitada no chão pra admirar aquele jogo de luzes em meio à neblina no alto da torre.

Hoje fui aqui do lado no Schloss Charlottenburg tentar fazer umas fotos legais. Passei mais de uma hora no frio procurando um bom angulo e um bom momento para tirar a foto. To com as mãos ainda congeladas. Tem foto boa da perspectiva clássica do castelo, mas gostei mais dessa.

Lá na frente do castelo, várias pessoas com suas máquinas e tripés, às vezes fazendo fila nos lugares com os melhores angulos. Os 5° C que faziam não tiravam a paciência de ninguém de fazer uma foto perfeita, sem um borrão sequer.

Na terça já tá marcado, rodar Berlin com a máquina, o tripé e bicicleta. E foda-se o frio!

Paixão doida essa a nossa de pintar com luzes.

Arctic Monkeys

Pois é, por aqui não se fala de outra coisa. Muito mais falado do que as expectativas das (ainda pra mim) assustadoras aulas da próxima semana. Próximo mês, um dia antes dos 20 anos da Queda do Muro de Berlin, no Arena Treptow, será o show de Arctic Monkeys. E quem irá abrir o show serão os Eagles of Death Metal, projeto paralelo do vocalista do Queens of the Stone Age. Uow!
Ontem liguei para uma amiga quando faltava duas horas pro show, pergutando se ela queria ir. Ela topou. Mas chegando lá no Columbia Club, não tinha mais ingresso pro show de Wolfmother. Sem rock n' roll nessa noite. Então fomos andar pela fria Berlim em busca de um lugar barato e quente para beber algo. Agora já é impossível beber nos spätis com cerveja a 1 euro. Apenas alguns poucos têm mesas dentro, a grande maioria tem as mesinhas nas calçadas, já sinto muita falta do verão. Então fomos para Friedrichhain, procurar um bar chamado Barato, nome convidativo não? Andando pelas ruas da antiga DDR me sentia como num filme, era como de certa forma voltássemos ao passado, passando pelos prédios, todos blocos de concretos gigantes. Na Karl-Marx Alle mais uma garrafa de Jägermeister fica pra trás. Achamos o bar, bebemos socialmente e depois fomos atrás de algo pra comer. Falafel Ufo na Kastanienalle, como sempre. Depois White Trash Food, mas ela não queria balada. Kaffe Burger vieleicht? Não, não, vamo pra casa. Já são mais de 04 horas da manhã. Alexander Platz, S-Bahn, Tiergarten - me despeço, Zoologischer Garten, Danckelmannstrasse. No bar do prédio, as pessoas ainda bebiam mesmo sendo quase 06 da manhã. Mas tudo muito tranquilo. Bebo uma cerveja, não consigo tirar o olho da nova vizinha polonesa - como são lindas. Depois que ela sobe, também me despeço, não tem mais nada a fazer e não entendo mais nada que as pessoas ébrias falam comigo.

Hoje, domingo, vou ficar em casa. Se fosse verão, claro, era dia de Mauerpark, mas nesse frio não dá nem vontade de sair de casa. Um livro, um café e continuo com o 100th window como trilha sonora.

17.10.09

Ressaca

Acordo, faço meu almoço, apenas batata, cebola e cogumelos e consigo fazer uma coisa fantástica. Hoje a fome me lembrou que eu devia comer, em alguns dias eu como apenas uma vez e nem me dou conta. Todo mundo já comeu, então almoço só, o resto fica pro jantar. Comi bem, bebi muita água, mas essa ressaca imoral não passa. Vinho barato, tequila, vodka, Jägermeister, tudo junto, na hora fez super bem, mas agora... Eu preciso achar o brother do Engov, deve existir algo assim aqui, alemão bebe pra caralho.

Foda que tenho monte de coisa pra fazer, mas tá complicado nesse estado. Escutando aqui o 100th Window, tentando me animar e na expectativa do show no final do mês. Enquanto isso to baixando aquele cd de 2005 do Wolfmother pra ver se me decido enfim em ir no show deles hoje, nem tá caro, 20 euros.

Apareceu um solzinho hoje, o dia tá até bonito, mas continua frio, o aquecedor tá no máximo. Fico olhando através da janela as nuvens que se formam no horizonte, daqui a pouco começa a chover e esfriar de vez o dia. Enquanto isso um passarinho brinca na calha do telhado, me faz lembrar os beija-flores que habitavam a janela ensolarada no meu quarto em Recife, eu era capaz de passar horas olhando aquele balé, aquela leveza e beleza absoluta.

Ainda quero tirar uma horinha hoje pra continuar a ler O Desaparecido, pra terminar, enfim, a bibliografia kafkiana. A idéia era já começar a ler tudo no original, comecei com um conto, Wunsch Indianer zu werden, curtinho e tranquilo. Mas aí passei pra A Metamorfose e ainda to na primeira página...

Precisando ver mais filmes, ler mais livros, pensar mais. Fui ver Das weisse Band na premiere de segunda no Kino International, infelizmente sem Haneke. O filme é lindo, imagens em petro e branco cristalinas. Os planos abertos e parados continuam, com menos frequencia, porém filmados como sempre à régua. Depois escrevo sobre. Meu filme preferido dele continua sendo Caché, aquela coisa perfeita, que me pega sempre pelo pescoço e não solta nunca mais.

O cd tá quase baixado, o humor melhorou, mas a ressaca permanece. Agora toca Everywhen, vou cuidar da vida.

Outono?

Quase 07 horas da manhã, acabo de chegar em casa. Vim falando em várias línguas no metrô (hoje tava com uma preguiça de falar alemão...), falando sobre sexo, sadismo e... amor! Mas acabo a noite sozinho, nesse frio (0°) e na manhã completamente escura. Vou tentar acordá-la com um sms, como quem não quer não nada, pra ainda tentar arrumar companhia nesse tempo frio.

Esse blog tá parecendo um Fotolog ou um Twinter. Não queria colocar esse textos curtos e pessoais, mais to com uma necessidade muito grande de escrever, compartilhar, dividir, somar e multiplicar.

Boa noite.

16.10.09

Ausente

Enfim, várias atualizações no blog. Espero que vocês leiam os quatro posts abaixo, que escrevi num surto criativo que tive nessa tarde fria, enquanto era pra tá escrevendo meu Bewerbung (carta de intenção) para um estágio por aqui. Bewerbung, amnhaã sem falta.

Tudo isso porque agora vou sumir de vez. Semana que vem começam as aulas e vai rolar um dos bicos que ando fazendo. Vou continuar, mesmo estando auto-sustentável agora, pois quero comprar uma câmera de verdade ou viajar pra longe no Natal e Reveillon. Escolhi 5 cadeiras, entre elas alguns seminários, uma cadeira de mestrado e o último nível do curso de alemão. Mas talvez não faça todas, preciso ainda falar com os professores. Achei duas cadeiras sobre Economia da Cultura, espero que sejam de acordo com minhas expectativas. Vai ser pesado, e agora carrego um peso maior nas costas pelo fato de não ter rendido no sommersemester. Desejem-me sorte.

Até breve, talvez. Beijo em todos. Saudades.

Ah! Só o Flickr que não consigo deixar de lado. Toda semana tá atualizado. Vejam lá.

http://www.flickr.com/photos/brecht_deandada/

ps.: Luís, Tábata e menina de design, ainda vou responder os emails!!!






Porco dio, ma che troppo bene!

Realidade

Mais um pensamento por hoje.

Sempre se discute em conversas lisérgicas, entre um copo e outro de cerveja, ou simplesmente na cozinha ou no Mensa o que vem a ser a realidade. As conversas sempre passam por LSD, cogumelos e Matrix, mas nunca se chegam a conclusões. Eu só sei que o que eu vivo agora não parece ser realidade. Viver num dia-a-dia sem tempo de pensar, fazendo tanta coisa que nem percebo mais o que faço e quando vejo já estou dentro de um carro indo pra outro país. Claro, quando tenho que trabalhar, ou quando tenho que ler os textos em alemão pra Uni ou ainda falar sobre coisas importantes com professores e coordenadores e as palavras não fluirem direito, é um choque de realidade. Mas até isso, quando lembro depois e não consigo mais identificar que língua que eu tava falando ou quando consigo ir pra Amsterdam ou pra Oktoberfest apenas com dinheiro de bicos, parece uma espécie de sonho. Mas enfim, o que é que eu to falando??? hehehe

Acorda brecht, hora de trabalhar.

Erasmus


Kino International
Upload feito originalmente por brecht [Albrecht Mariz]
Andam dizendo que quem organiza as festas Erasmus tá enlouquecendo. Com o começo do Wintersemester, tão muito constantes. E a festa de hoje, será nada mais, nada menos do que no Kino Internacioanal, um bloco de concreto no coração da Berlin Oriental, que por dentro é essa coisa linda. Pois é, o Erasmus Team está ficando doido. Que bom.

15.10.09

Convivência

Um dos maiores aprendizados de se morar fora é aprender a conviver com as diferenças. E nem sempre é muito fácil. Quando se trata de espanhóis, italianos, portugueses, franceses ou os hermanos latinos, não há nenhum problema. Somos todos da mesma forma, ocidentais, consumimos em grosso modo a mesma cultura e nos identificamos mais ou menos com as mesmas referências. E o humor é o mesmo, sempre é uma festa. A coisa já muda um pouco com os alemães, que são até bem mais abertos do que eu pensava, mas ainda sim se distanciam um pouco. Eles também consomem a mesma cultura, mas têm uma própria cultura alemã muito forte, que ao contrário dos americanos, não é muito exportada, sobretudo em termos de música. Além da produção cinematográfica, principalmente em Berlim, que é enorme, mas fica restrito bastante ao no consumo interno. E claro, a educação pais-filhos é bastante diferente da nossa. Isso faz com eles tenham referências um pouco diferentes. Meio complicado é conviver com os orientais e muçulmanos. Cultura completamente diferente, em todos os sentidos. Nos respeitamos entre si, mas é muito difícil de se misturar, as idéias não batem, sobretudo com os muçulmanos. E os orientais são super fechados, sempre em grupos, talvez por serem na maioria das vezes extremamente tímidos.

Divido cozinha e banheiro com uma muçulmana dos Marrocos, outro marroquino, muçulmano mas não segue todos os costumes(primeira vez que vejo isso), uma coreana, uma libanesa, uma alemã, um russo, um alemão, uma palestino da faixa de Gaza, um búlgaro, um cara do Camarões e uma tia da Georgia, que até hoje não trocou uma palavra comigo, a não ser um breve "Hallo". Na cozinha sempre rola assuntos complicadíssimos como política e religião, quase sempre impossível discutir esses dois temas.

Aqui talvez as pessoas não se entendam completamente, mas se aceitam e se respeitam. Isso é o mais importante.

11.10.09

Euro Trip - Derrière des forêts cosmopolites


Eu, Léo, Rico e Rodrigo. Osnabrück, Alemanha.

Pelas ruas fervilhantes do Soho em Londres, nas ruas em torno da Puerta del Sol em Madrid ou pela vielas estreitas entre prostitutas, drogas e coffee shops do Red Light District em Amsterdam.

Foram essas, as três viagens que fiz pela Europa até agora, além de Praga e outras cidades da Espanha. No domingo cheguei de viagem de Amsterdam, depois de viajar 09 horas de ônibus. Ainda faltam algumas cidades pra conhecer, mas agora vou ficar um tempo sem viajar, só estudando e aproveitando Berlim.

Amsterdam

Erámos três, eu, Leo e Rodrigo. Saímos, na outra terça-feira de Berlim pra Amsterdam. A idéia original era ir pra estrada e pedir carona, mas acabamos abortando a idéia porque já estava um pouco tarde e conseguimos uma carona paga através do site Mitfahrgelegenheit. O carro era um Clio antigo e o motorista, um alemão da DDR chamado Rico. Tudo certo durante a viagem, fui conversando com Rico sobre DDR, Muro e sobre os vários países que ele havia morado. Mas, quando já estava cochilando, o carro inventa de quebrar. Todo mundo pra fora, chovendo muito e fazendo um frio absurdo na estrada. Mais uma hora e chega o reboque, que nos leva para uma cidadezinha chamada Osnabrück. Nessa cidade iríamos pegar um trem direto pra Amsterdam, faltavam apenas 250 km. Mas o trem só sairia às 04:30 da manhã, ainda eram 09 da noite. Então compramos vinho, ligamos o som (Arctic Monkeys, na expectativa do show) e ficamos na estação passando o tempo e conversando, acabamos nos decidindo em tentar pegar carona na estrada pela manhã, pois havia visto noutro site de caronas (hitchbase.de) uma dica de um local que parecia ser bom para pegar carona sentido Amsterdam. Os bancos onde estávamos pareciam umas camas, então tiramos um cochilo, só acordando com muito frio pela manhã ainda escura. Fomos pra estrada, passamos quase 03 horas pedindo carona, mas não deu certo. Então, decidimos esperar uma carona que passaria em Osnabrück de 14h, enquanto um de nós três iria de trem direto pra Amsterdam, pois a carona era apenas pra duas pessoas. Nesse tempo, praticamente acampamos numa loja de Döner e ficamos esperando o tempo passar. Enfim, chegou a carona, uma van amarela estilo Edukators, perfeito. Três horas de viagem e chegamos em Amsterdam, depois de um dia e meio de viagem ao total.

Muita chuva na cidade, era impossível de andar sem se molhar. Fomos deixar nossas coisas na casa de um cara que ficou de nos receber através do Couchsurfing. A casa ficava em Haarlem, cidade vizinha de Amsterdam, quase um Recife-Olinda. Deu pra comer, beber e dormir muito bem, recuperando as energias. No outro dia, fomos enfim conhecer a cidade.

Amsterdam é uma das cidades mais bonitas que visitei, uma arquitetura bem peculiar, com as casas que parecem tombadas pros lados ou pra frente, nunca sendo lineares. Canais, casas-barcos e bicletas por todo lado, deixando o clima de cidade pequena, apesar da loucura que é a cidade na verdade. Claro, não se pode deixar de visitar o Red Light District, com as mulheres mais lindas se vendendo nas vitrines. Também faz parte de qualquer tour pela cidade, passar pelos Coffe Shops, com um menu extenso com vários tipos de maconha, haxixe, skank, bolos, chás, cogumelos...

Nesse mesmo dia, fomos pra Leiden, 50 km de Amsterdam, pra visitar Gregor e dormir por lá. Claro, nos perdemos e demoramos muito até chegar lá. Na sexta, voltando pra Amsterdam tentamos não pagar tickets, mas dois de nós fomos pegos. Eu e Léo escapamos por pouco, quando os fiscais já estavam um na frente e outro átras, sendo nós os próximos a termos que mostrar os bilhetes, a porta se abriu e saímos correndo do trem. Por pouco.

Mais um noite pelo Red Light District e no outro dia ainda andamos pela cidade, fomos na casa que Anne Frank morou, andamos de novo pelo Red Light District e quando vimos já era hora de voltar. Dessa vez, sem riscos, passagem comprada com antecedência, direto pra Berlim.

London

Green grass, grey sky, overcrowd metro, fish and chips, tee... Yes, it's London.

No começo de agosto fui pra Londres, gostei bastante. Sobretudo do centro, onde milhares de pessoas andavam rápido pelas calçadas estreitas e depois das 18h começavam a funcionar os bares. Oxford Street é onde se concentram as lojas e Soho, próximo a Piccadilli Circus, onde estão a maioria dos bares do centro. Lá também funciona a Chinatown, complexo de ruas que formam o bairro chinês no meio da cidade.

A viagem começou em Frankfurt (Hahn), onde encontrei com Dai e Cassi, lá passamos seis horas esperando o vôo para Londres. Dormir no chão até que não foi problema, isso até uma voz nos altos falantes do aeroporto começar a gritar para tomarmos cuidado com as malas. Cheguei em Londres, só querendo dormir. E de fato dormi uma hora no primeiro parque que encontrei.

Primeiro lugar a visitar foi o British Museum, onde estava a Rosetta Stone, múmias, sarcófagos e mais um monte de coisa que nem esperava ver por lá. Mas o que mais me chamou atenção foram quatro fotos de um cara chamado Ben Bohane. Fotos tiradas nos 60 de guerrilhas na África.

Em Londres a grande maioria dos museus são gratuitos, inclusive o Science Museum com seus dinossauros, o Tate Modern com obras de Picasso, Dalí, Miró e outros pintores importantes e o National Portrait Gallery, com fotos de ingleses famosos. Lá estava havendo uma exposição temporária de fotos de um turnê européia Bob Dylan nos anos 60, apenas 14 fotos por Barry Feinstein. Do caralho!!!

Foi bom ter passado uma semana em Londres, pois deu pra sentir bem o clima da cidade. Andei bastante de metrô, o famoso Undergrownd, ou para os londrinos the tube. (Super Overcrowd) Passava algum tempo no metrô pra chegar em Stratford, a famosa Bela, lá a galera me recebeu super bem. Pessoas de primeira.

As ruas do centro eram enlouquecedoras, calçadas estreitas, pessoas apressadas, carros na "contra-mão" (look right! no no! look left!!! - não sei como não fui atropelado). Na Oxford street, tinha a impressão que as pessoas iam me devorar se eu parasse de andar rápido. O ritmo é imposto pela cidade.

Londres foi a cidade mais cosmopolita que eu visitei, o metrô e as ruas eram como a Torre de Babel, eu desisti de tentar descobrir que língua que as pessoas falavam. A imigração de indianos lá está como a imigração de turcos aqui em Berlim, ainda com a facilidade da língua ser a mesma, devido a colonização inglesa.


Madrid e Castilla y Leon


Welcome to Tijuana!

Antes e depois dos dez dias no Marrocos, conheci algumas cidades da Espanha. A conexão (de três dias) para Casablanca foi em Madrid. Me senti em casa andando pelas ruas da cidade. As ruas próximas a Puerta del Sol se assimilavam bastante com a rua da Imperatriz no centro de Recife, camelôs vendendo de tudo, muita gente e até aqueles caras comprando ouro. O fato da língua ser bastante próxima ao português, me fez sentir mais ainda em casa, lá pude conversar com desconhecidos na rua sem problemas.

Madrid foi meu maior gasto em viagens, pois eu só fazia comer e beber. Bocadillos, tapas, cañas geladas. Os melhores e mais baratos lugares pra aproveitar a culinária espanhola são o Museo del Jamon - lá a gente decidiu algumas (poucas) coisas pra viagem do Marrocos, El Tápon na cidade vizinha e histórica de Alcala de Henares e o Mercado de San Miguel, onde passamos um dia inteiro bebendo e comendo azeitonas, nesse dia, inclusive, me perdi pra chegar em casa, mais de quatro horas, no percusso que seria de uma hora e meia. hehe

Madrid, com certeza seria uma cidade que eu moraria.

Antes do Marrocos ainda fomos em Toledo, cidade linda com ladeiras estreitas e inclinadas, lembrando muito Olinda. Lá conhecemos nossas amigas chilenas, que só fomos encontrar novamente no caminho do Saara.

Dez dias no Marrocos e voltamos direto para Valladolid, cidade universitária no coração de Castilla y Leon. Fomos de ônibus e cada um fez um amigo pra ir conversando. Conversas sobre novos lançamentos para PS2, sobre putas e drogas pelo mundo afora, outra conversa que rendeu ótimas coisas depois e o quarto integrante foi babando na janela do busão. Chegamos lá como se tivemos saído direto do deserto, sem água, nem comida. Um banquete que não esquecerei jamais estava quase pronto, tempo só de tomar um banho e mandar mensagem pro Brasil pra dizer que tava bem. Laura, Marcela e Anamaria se garantiram demais! Na cidade, passava o dia dormindo e a noite bebendo. Eita vida boa!

Antes de voltar pra Madrid e pegar o vôo pra Berlim, ainda passei em Salamanca, outra cidade Erasmus. Cidade linda, mas infelizmente só pude passar o dia, pois não arrumei onde dormir, sem dinheiro para hostel e os contatos de lá tavam na França. Terminei a viagem literalmente a pão e água na rodoviária de Salamanca. Liguei pra Poly que me abrigou de novo em Alcala e ainda me deu 5 euros pra eu pegar o trem até Madrid. Valeu Poly!!!

Ainda volto na Espanha com certeza, pelo menos pra conhecer Barcelona!

Oktoberfest

E ainda teve a Oktobertfest em Munique no penúltimo final de semana de setembro! Uma das melhores festas do mundo! Me pareceu uma espécie de carnaval alemão, todos bêbados cantando apenas umas 10 músicas no total, mulheres lindas com aquelas roupas da Bavaria e muita cerveja!

Alugamos dois carros e chegamos por lá na madrugada da sexta pro sábado. Uma amiga dos "piá" nos hospedou. O combinado era que cinco pessoas dormissem lá, mas acabamos todos os dez dormindo na sala, onde já dormia um casal de americanos. Foi surreal nossa chegada, eu já entrei na casa enchendo o saco de dormir, e me instalei no cantinho. Em segundos já tinha alguém roncando, foi foda pra dormir. Três horas depois, despetador toca e todo mundo ao mesmo tempo se levanta, arruma tudo e desfaz o acampamento em segundos. Hora de beber, gente pra caralho na entrada das tendas, só conseguimos ficar no biergarten, não dando pra entrar na tenda. Depois saímos do biergarten pra ir no banheiro e não nos deixaram entrar mais, muita gente. Fazer o quê né, então vamo beber Jägermeister que a cerveja é cara! (9 euros o litro!!!) Depois de muito pertubar, dormir na grama, passar frio, ficar de ressaca e melhorar em algumas horas e passar bem uma hora numa fila de uma tenda, conseguimos entrar numa das tendas, graças a uma figura surreal que apareceu por lá. Tive que deixar a garrafa de Jägermeister na entrada, wie schade, e entramos. Lá dentro, de fato acontece a Oktoberfest, todo mundo em cima das mesas cantando "ein prosit, ein prosit..." ou ainda griesischer wein, ou ainda, ou ainda.. As pessoas faziam das mesas pista de boliche com seus corpos alcoolizados, não paravam de brindar e cantar, uma doidera. Achei uma máscara no chão, alter-ego em ação! Roubamos as canecas, a tenda fechou, nos expulsaram de lá e fomos aprontando no meio da rua com todo mundo que passava. Acho que nunca tive tão bêbado desde que cheguei aqui. Polícia, Mcdonalds, dormindo na estação de metrô, sem mais transporte em Munique, frio, táxi, casa.

No outro dia ainda queria ir no Neuschweinstein, mas ninguém topou. Então fomos conhecer a cidade, 30 minutos andando e olhamos um pro outro e.. vamo beber!!! Muito melhor no domingo, menos gente, deu pra entrar em todas as tendas que queríamos. Mas as macas continuavam passando com os alcoolizados direto pro hospital. Difícil foi querer voltar pra casa. Chegamos em Berlin só pela manhã já pra devolver o carro. Nessa semana que se seguiu eu devo ter dormido ao todo umas 15 horas. Fiquei até doente.

Esse final de semana de Munique foi um dos melhores e mais loucos finais de semana da minha vida!



Lar, doce lar


Algumas pessoas dizem que o melhor de viajar é poder voltar pra casa. Claro que não concordo com isso, mas de fato é muito bom voltar pra casa e como é bom reconhecer Berlim como casa. Sobrevoando a cidade, já pode se ver a Fersehenturm brilhando e imponente como sempre, é de arrepiar. Descer no aeroporto, escutar de novo o alemão, reconhecer as palavras, pegar o metrô, Kreuzberg, linha U1, pessoas saídas de um filme de Lynch, descer no Zoologischer Garten, comprar um döner atrás da Gedächtnis Kirche, uma cerveja no turco e ir andando bem devagar pra casa sentindo os milhões de cheiros, flashes e sensações dessa cidade, que é feita de pedras e histórias sombrias, mas parece encantada.

5.10.09

Outono


Red sky and the tower.
Upload feito originalmente por brecht [Albrecht Mariz]
Começando a esfriar de novo em Berlim. Depois de alguns meses com temperaturas bem altas, com o dia mais quente do ano a 36°, as folhas das árvores começam a ficar amareladas e a caírem, o dia escurece bem mais cedo geralmente com essa textura vermelha inacreditável e o dia amanhece assustadoramente tarde, assim sendo preciso às vezes, sair ainda no escuro pra rua.

Mas as pessoas continuam com a energia do verão, do calor, aproveitando os dias como se cada dia fosse o último a não fazer tanto frio. Com o frio chegando, a necessidade de um abraço, de um corpo ou uma boca quente aumenta, fazendo com que nossas camas amanheçam mais quentes, nos envolvendo num domingo de manhã para que fiquemos mais um pouco entre cobertas e travesseiros.