11.10.09

Euro Trip - Derrière des forêts cosmopolites


Eu, Léo, Rico e Rodrigo. Osnabrück, Alemanha.

Pelas ruas fervilhantes do Soho em Londres, nas ruas em torno da Puerta del Sol em Madrid ou pela vielas estreitas entre prostitutas, drogas e coffee shops do Red Light District em Amsterdam.

Foram essas, as três viagens que fiz pela Europa até agora, além de Praga e outras cidades da Espanha. No domingo cheguei de viagem de Amsterdam, depois de viajar 09 horas de ônibus. Ainda faltam algumas cidades pra conhecer, mas agora vou ficar um tempo sem viajar, só estudando e aproveitando Berlim.

Amsterdam

Erámos três, eu, Leo e Rodrigo. Saímos, na outra terça-feira de Berlim pra Amsterdam. A idéia original era ir pra estrada e pedir carona, mas acabamos abortando a idéia porque já estava um pouco tarde e conseguimos uma carona paga através do site Mitfahrgelegenheit. O carro era um Clio antigo e o motorista, um alemão da DDR chamado Rico. Tudo certo durante a viagem, fui conversando com Rico sobre DDR, Muro e sobre os vários países que ele havia morado. Mas, quando já estava cochilando, o carro inventa de quebrar. Todo mundo pra fora, chovendo muito e fazendo um frio absurdo na estrada. Mais uma hora e chega o reboque, que nos leva para uma cidadezinha chamada Osnabrück. Nessa cidade iríamos pegar um trem direto pra Amsterdam, faltavam apenas 250 km. Mas o trem só sairia às 04:30 da manhã, ainda eram 09 da noite. Então compramos vinho, ligamos o som (Arctic Monkeys, na expectativa do show) e ficamos na estação passando o tempo e conversando, acabamos nos decidindo em tentar pegar carona na estrada pela manhã, pois havia visto noutro site de caronas (hitchbase.de) uma dica de um local que parecia ser bom para pegar carona sentido Amsterdam. Os bancos onde estávamos pareciam umas camas, então tiramos um cochilo, só acordando com muito frio pela manhã ainda escura. Fomos pra estrada, passamos quase 03 horas pedindo carona, mas não deu certo. Então, decidimos esperar uma carona que passaria em Osnabrück de 14h, enquanto um de nós três iria de trem direto pra Amsterdam, pois a carona era apenas pra duas pessoas. Nesse tempo, praticamente acampamos numa loja de Döner e ficamos esperando o tempo passar. Enfim, chegou a carona, uma van amarela estilo Edukators, perfeito. Três horas de viagem e chegamos em Amsterdam, depois de um dia e meio de viagem ao total.

Muita chuva na cidade, era impossível de andar sem se molhar. Fomos deixar nossas coisas na casa de um cara que ficou de nos receber através do Couchsurfing. A casa ficava em Haarlem, cidade vizinha de Amsterdam, quase um Recife-Olinda. Deu pra comer, beber e dormir muito bem, recuperando as energias. No outro dia, fomos enfim conhecer a cidade.

Amsterdam é uma das cidades mais bonitas que visitei, uma arquitetura bem peculiar, com as casas que parecem tombadas pros lados ou pra frente, nunca sendo lineares. Canais, casas-barcos e bicletas por todo lado, deixando o clima de cidade pequena, apesar da loucura que é a cidade na verdade. Claro, não se pode deixar de visitar o Red Light District, com as mulheres mais lindas se vendendo nas vitrines. Também faz parte de qualquer tour pela cidade, passar pelos Coffe Shops, com um menu extenso com vários tipos de maconha, haxixe, skank, bolos, chás, cogumelos...

Nesse mesmo dia, fomos pra Leiden, 50 km de Amsterdam, pra visitar Gregor e dormir por lá. Claro, nos perdemos e demoramos muito até chegar lá. Na sexta, voltando pra Amsterdam tentamos não pagar tickets, mas dois de nós fomos pegos. Eu e Léo escapamos por pouco, quando os fiscais já estavam um na frente e outro átras, sendo nós os próximos a termos que mostrar os bilhetes, a porta se abriu e saímos correndo do trem. Por pouco.

Mais um noite pelo Red Light District e no outro dia ainda andamos pela cidade, fomos na casa que Anne Frank morou, andamos de novo pelo Red Light District e quando vimos já era hora de voltar. Dessa vez, sem riscos, passagem comprada com antecedência, direto pra Berlim.

London

Green grass, grey sky, overcrowd metro, fish and chips, tee... Yes, it's London.

No começo de agosto fui pra Londres, gostei bastante. Sobretudo do centro, onde milhares de pessoas andavam rápido pelas calçadas estreitas e depois das 18h começavam a funcionar os bares. Oxford Street é onde se concentram as lojas e Soho, próximo a Piccadilli Circus, onde estão a maioria dos bares do centro. Lá também funciona a Chinatown, complexo de ruas que formam o bairro chinês no meio da cidade.

A viagem começou em Frankfurt (Hahn), onde encontrei com Dai e Cassi, lá passamos seis horas esperando o vôo para Londres. Dormir no chão até que não foi problema, isso até uma voz nos altos falantes do aeroporto começar a gritar para tomarmos cuidado com as malas. Cheguei em Londres, só querendo dormir. E de fato dormi uma hora no primeiro parque que encontrei.

Primeiro lugar a visitar foi o British Museum, onde estava a Rosetta Stone, múmias, sarcófagos e mais um monte de coisa que nem esperava ver por lá. Mas o que mais me chamou atenção foram quatro fotos de um cara chamado Ben Bohane. Fotos tiradas nos 60 de guerrilhas na África.

Em Londres a grande maioria dos museus são gratuitos, inclusive o Science Museum com seus dinossauros, o Tate Modern com obras de Picasso, Dalí, Miró e outros pintores importantes e o National Portrait Gallery, com fotos de ingleses famosos. Lá estava havendo uma exposição temporária de fotos de um turnê européia Bob Dylan nos anos 60, apenas 14 fotos por Barry Feinstein. Do caralho!!!

Foi bom ter passado uma semana em Londres, pois deu pra sentir bem o clima da cidade. Andei bastante de metrô, o famoso Undergrownd, ou para os londrinos the tube. (Super Overcrowd) Passava algum tempo no metrô pra chegar em Stratford, a famosa Bela, lá a galera me recebeu super bem. Pessoas de primeira.

As ruas do centro eram enlouquecedoras, calçadas estreitas, pessoas apressadas, carros na "contra-mão" (look right! no no! look left!!! - não sei como não fui atropelado). Na Oxford street, tinha a impressão que as pessoas iam me devorar se eu parasse de andar rápido. O ritmo é imposto pela cidade.

Londres foi a cidade mais cosmopolita que eu visitei, o metrô e as ruas eram como a Torre de Babel, eu desisti de tentar descobrir que língua que as pessoas falavam. A imigração de indianos lá está como a imigração de turcos aqui em Berlim, ainda com a facilidade da língua ser a mesma, devido a colonização inglesa.


Madrid e Castilla y Leon


Welcome to Tijuana!

Antes e depois dos dez dias no Marrocos, conheci algumas cidades da Espanha. A conexão (de três dias) para Casablanca foi em Madrid. Me senti em casa andando pelas ruas da cidade. As ruas próximas a Puerta del Sol se assimilavam bastante com a rua da Imperatriz no centro de Recife, camelôs vendendo de tudo, muita gente e até aqueles caras comprando ouro. O fato da língua ser bastante próxima ao português, me fez sentir mais ainda em casa, lá pude conversar com desconhecidos na rua sem problemas.

Madrid foi meu maior gasto em viagens, pois eu só fazia comer e beber. Bocadillos, tapas, cañas geladas. Os melhores e mais baratos lugares pra aproveitar a culinária espanhola são o Museo del Jamon - lá a gente decidiu algumas (poucas) coisas pra viagem do Marrocos, El Tápon na cidade vizinha e histórica de Alcala de Henares e o Mercado de San Miguel, onde passamos um dia inteiro bebendo e comendo azeitonas, nesse dia, inclusive, me perdi pra chegar em casa, mais de quatro horas, no percusso que seria de uma hora e meia. hehe

Madrid, com certeza seria uma cidade que eu moraria.

Antes do Marrocos ainda fomos em Toledo, cidade linda com ladeiras estreitas e inclinadas, lembrando muito Olinda. Lá conhecemos nossas amigas chilenas, que só fomos encontrar novamente no caminho do Saara.

Dez dias no Marrocos e voltamos direto para Valladolid, cidade universitária no coração de Castilla y Leon. Fomos de ônibus e cada um fez um amigo pra ir conversando. Conversas sobre novos lançamentos para PS2, sobre putas e drogas pelo mundo afora, outra conversa que rendeu ótimas coisas depois e o quarto integrante foi babando na janela do busão. Chegamos lá como se tivemos saído direto do deserto, sem água, nem comida. Um banquete que não esquecerei jamais estava quase pronto, tempo só de tomar um banho e mandar mensagem pro Brasil pra dizer que tava bem. Laura, Marcela e Anamaria se garantiram demais! Na cidade, passava o dia dormindo e a noite bebendo. Eita vida boa!

Antes de voltar pra Madrid e pegar o vôo pra Berlim, ainda passei em Salamanca, outra cidade Erasmus. Cidade linda, mas infelizmente só pude passar o dia, pois não arrumei onde dormir, sem dinheiro para hostel e os contatos de lá tavam na França. Terminei a viagem literalmente a pão e água na rodoviária de Salamanca. Liguei pra Poly que me abrigou de novo em Alcala e ainda me deu 5 euros pra eu pegar o trem até Madrid. Valeu Poly!!!

Ainda volto na Espanha com certeza, pelo menos pra conhecer Barcelona!

Oktoberfest

E ainda teve a Oktobertfest em Munique no penúltimo final de semana de setembro! Uma das melhores festas do mundo! Me pareceu uma espécie de carnaval alemão, todos bêbados cantando apenas umas 10 músicas no total, mulheres lindas com aquelas roupas da Bavaria e muita cerveja!

Alugamos dois carros e chegamos por lá na madrugada da sexta pro sábado. Uma amiga dos "piá" nos hospedou. O combinado era que cinco pessoas dormissem lá, mas acabamos todos os dez dormindo na sala, onde já dormia um casal de americanos. Foi surreal nossa chegada, eu já entrei na casa enchendo o saco de dormir, e me instalei no cantinho. Em segundos já tinha alguém roncando, foi foda pra dormir. Três horas depois, despetador toca e todo mundo ao mesmo tempo se levanta, arruma tudo e desfaz o acampamento em segundos. Hora de beber, gente pra caralho na entrada das tendas, só conseguimos ficar no biergarten, não dando pra entrar na tenda. Depois saímos do biergarten pra ir no banheiro e não nos deixaram entrar mais, muita gente. Fazer o quê né, então vamo beber Jägermeister que a cerveja é cara! (9 euros o litro!!!) Depois de muito pertubar, dormir na grama, passar frio, ficar de ressaca e melhorar em algumas horas e passar bem uma hora numa fila de uma tenda, conseguimos entrar numa das tendas, graças a uma figura surreal que apareceu por lá. Tive que deixar a garrafa de Jägermeister na entrada, wie schade, e entramos. Lá dentro, de fato acontece a Oktoberfest, todo mundo em cima das mesas cantando "ein prosit, ein prosit..." ou ainda griesischer wein, ou ainda, ou ainda.. As pessoas faziam das mesas pista de boliche com seus corpos alcoolizados, não paravam de brindar e cantar, uma doidera. Achei uma máscara no chão, alter-ego em ação! Roubamos as canecas, a tenda fechou, nos expulsaram de lá e fomos aprontando no meio da rua com todo mundo que passava. Acho que nunca tive tão bêbado desde que cheguei aqui. Polícia, Mcdonalds, dormindo na estação de metrô, sem mais transporte em Munique, frio, táxi, casa.

No outro dia ainda queria ir no Neuschweinstein, mas ninguém topou. Então fomos conhecer a cidade, 30 minutos andando e olhamos um pro outro e.. vamo beber!!! Muito melhor no domingo, menos gente, deu pra entrar em todas as tendas que queríamos. Mas as macas continuavam passando com os alcoolizados direto pro hospital. Difícil foi querer voltar pra casa. Chegamos em Berlin só pela manhã já pra devolver o carro. Nessa semana que se seguiu eu devo ter dormido ao todo umas 15 horas. Fiquei até doente.

Esse final de semana de Munique foi um dos melhores e mais loucos finais de semana da minha vida!



Lar, doce lar


Algumas pessoas dizem que o melhor de viajar é poder voltar pra casa. Claro que não concordo com isso, mas de fato é muito bom voltar pra casa e como é bom reconhecer Berlim como casa. Sobrevoando a cidade, já pode se ver a Fersehenturm brilhando e imponente como sempre, é de arrepiar. Descer no aeroporto, escutar de novo o alemão, reconhecer as palavras, pegar o metrô, Kreuzberg, linha U1, pessoas saídas de um filme de Lynch, descer no Zoologischer Garten, comprar um döner atrás da Gedächtnis Kirche, uma cerveja no turco e ir andando bem devagar pra casa sentindo os milhões de cheiros, flashes e sensações dessa cidade, que é feita de pedras e histórias sombrias, mas parece encantada.

2 comentários:

  1. Ach so.
    É isso que somos aqui. Personages de Lynch. Lugares e lugares e mais lugares. Todos os momentos juntos foram fodas,perdendo uns lugares e encontrado outros.
    O melhor de viajar é voltar para casa. Quando se sai do seu lugar nunca se sai realmente de si. A questao é que o nosso "si" nunca é o mesmo e estamos andando sempre loucamente e somando, multiplicando, dividindo, sei la mais o que. Estamos perdidamente num sonho.

    Aparece aqui. E se programa para ficar pelo menos ate uma terca. Segunda-feira é o melhor dia. Todo mundo no Flowerpower, dia de Erasmum!
    E vamos combinar mais viagens. Acho que nos encaixamos em ritmo e melodia rodando pelos lugares do mundo.

    abracao!
    tchaoo.

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  2. Queria sair um pouco de mim pra ver as coisas de uma outra perspectiva. Uma perspectiva menos limitada, mais plena.

    Pois é, estamos perdidamente num sonho, num filme de Lynch. Tenho medo de alguém chegar um dia e dizer que tudo isso não foi real. Mas se foi real ou não, eu vivi do mesmo jeito. Consumi, enguli e degustei tudo.

    Isso é um bom papo para coffee shops em Amsterdam oder? hehehe

    Tava aqui vendo meu calendário. Só vou poder ir te visitar depois do show do Arctic. Próximo final de semana vou trabalhar, no outro é o show de MASSIVE o/ e no outro já é o show dos meninos do High Green.

    Vamos marcar mais viagens sim! Também acho que nos encaixamos, também no sentido não-preocupação. hehehe

    Eu tenho algumas viagens a fazer que são obrigatórias. Paris, Barcelona, Roma, Veneza e agora se eu não for em Genôva... Também tem o leste europeu que é obrigatório. Me diz depois teus planos.

    grande abraço! ciaooo

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