11.1.10

Leste-Oeste

Há vinte anos atrás não era tão simples cruzar Berlim. Já existiam a maioria das linhas e estações de hoje, entretanto tinho o Muro, sim o Muro. Mas o trem não passa por baixo e/ou por cima do Muro? Sim, mas as estações na RDA eram bloqueadas, soldados guardavam as estações, abandonadas, estações fantasmas. Isso quem me disse foi Ignácio. Hoje saí do Zoologischer Garten - antigo centro da Berlim Ocidental, e fui até a Alexander Platz - antigo centro da Berlim Oriental. Em cerca de 20 minutos é possível se fazer esse trajeto com o S-Bahn. Fui até lá comprar um ingresso para assistir Nosferatu amanhã no Babylon Kino. O filme será acompanhado de uma orquestra. Paguei 14 euros por isso, dei o dinheiro com muita pena. Mas concordei com o rapaz do cinema que disse ser um evento quase único na vida. No Babylon sempre passa nas segundas terças-feiras do mês filme mudo com acompanhamento, geralmente de piano. Mas com orquestra, creio ser a primeira vez. Uma vez teve algo parecido no Teatro Santa Isabel, em Recife, mas acabei não assistindo nada.

Na verdade fui até lá com o pretexto de andar sem rumo pelas ruas cheias de neve, observar as pessoas, pensar, conversar com desconhecidos, pensar, tirar alguma fotos, andar, andar. Precisava fazer isso a tempos, tava enlouquecendo com a rotina de casa-faculdade-casa nos dias de semana.

Na volta pego o U2 na Rosa-Luxemburg-Platz, vou pra casa. Me lembro que tenho que assistir outro filme na semana, Avatar 3D, na Potsdamer Platz, onde o metrô vai passar de todo jeito. Desço na estação, antes cruzo o "Muro", dessa vez por baixo dele. No Sony Center, onde fica o Cine Star Imax, enorme e luxuoso multiplex, estão preparando o tapete vermelho para a Première de Sherlock Holmes. Pergunto como faço para ganhar um par de convites. Só para convidados. Ah, obrigado. Avatar 3D para quarta-feira de 21h, em algum lugar da fileira B por favor. Pois não, senhor. To muito alemão mesmo, comprando ingresso de cinema dois dias antes da exibição, isso eu só fazia na Expectativa do Cinema da Fundação. Mas como em Recife na Expectativa, os ingressos esgotam sempre, aqui para as exibições 3D. Dou uma volta na Postdamer Platz, uma espécie de centro comercial que foi forçado para ser um centro. Sendo que não funcionou, não se sente que está no centro da cidade, pode ser que se sinta como na Canary Wharf em Londres, com seus prédios imponentes e envidraçados. Mas nunca como na Conde da Boa Vista. Na verdade Berlim não tem um centrão como a maioria da cidades do mundo. Não existe um lugar que você vá e encontre tudo. Está tudo espalhado, cada bairro tem seu centro comercial. Acho isso estranho. Caminhando pela Pots (como sempre chamo), vejo os cartazes para a exposição sobre Metropolis que começará no final de janeiro, já próximo da Berlinale, onde o filme será exibido na sua nova versão no Portão de Brandemburgo. Passo na frente do Cinemaxx e vejo os cartazes para a Berlinale, no dia 08 de fevereiro começam a vender os ingressos para o festival. Lá no Cinemaxx era dia de Première, filme que acabo de esquecer o nome e trata de dois "ozzys", os primeiros a chegarem nos EUA, depois da Queda do Muro. Novo grande projeto da MedienBoard, produtora com sede em Postdam. Mesma que produziu A Vida dos Outros. Pergunto de novo, e esse convite, como faço? Só convidados. E os carros pretos não param de chegar no tapete vermelho.

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