29.12.09

Homem no Lago


Homem no Lago
Upload feito originalmente por brecht [Albrecht Mariz]
Hoje, quando ia passando por uma ruazinha que ia dar num lago, parei e olhei atentamente. O lago estava com uma cor diferente, branco gelo. Sim, o lago estava completamente congelado. Fui lá ver essa completa novidade pra mim de perto e tirar algumas fotos. Então chega um senhor com seus 60 e poucos ou 70 e me pergunta se já dar pra andar no lago. Eu disse que era melhor não porque o gelo ainda podia não estar tão firme. Mas ele disse algo que não entendi e entrou no lago. Foi andando até quase o meio por cima do gelo. Não resisti e fui também andar no lago congelado, apesar do medo. Tinha que tomar cuidado, não era todo lugar que podia pisar. O gelo estralava embaixo dos meus pés. Cheguei perto do senhor e perguntei se ele já havia caído na água num dia como esses. Pro meu desespero, disse que várias vezes, mas nunca nada sério. Sempre conseguira escapar ileso. Eu já tava desconfiado da resistência desse gelo, mas mesmo assim comecei a conversar com o senhor no meio do lago congelado. Que me contou que já havia feito o percurso México – Bolívia de ônibus e depois foi parar no Rio de Janeiro. Isso a mais de 20 anos atrás e com toda a família. Depois me contou que a filha agora mora na África do Sul e que estava indo pra lá em duas semanas para visitá-la. Fiquei dizendo que ele era um espertalhão, indo tomar banho de mar enquanto nós congelávamos no inverno rigoroso de Berlim. Fomos caminhando para a margem do lago, peguei a minha bicicleta, ele pegou a dele, perguntei se sempre pedala, mesmo estando frio desse jeito, me disse que sim, apesar de ter dois carros em casa, é mais divertido e saudável, e partimos cada um pra um lado.

27.12.09

Killing in the Name

No dia 17 desse mês, os caras do Rage se reuniram para fazer uma pequena apresentação no BBC de Londres. A apresentação fazia parte de uma campanha para derrotar o vencendor do X Factor, para ser o hit mais vendido no ano no Reino Unido. Toda a campanha, feita sobretudo através do Facebook, deu muito certo e Killing in the Name foi o hit mais baixado de 2009 no Reino Unido.

Isso pode ter muitos significados, mas todo esse papo de mídia, manipulação, mobilização, internet, etc, toma um tempo enorme. Fico particularmente muito feliz de ver essa banda reunida novamente.

Ele prometeram voltar em 2010 no Reino Unido para fazer um show devido a isso tudo. Espero que eu ainda esteja por aqui.

Matéria completa com entrevista com Zack no site da BBC:
http://news.bbc.co.uk/2/hi/entertainment/8423340.stm

Video da apresentação, sem censura:

http://www.youtube.com/watch?v=LUPYIShaX1s

Video que foi ao ar ao vivo na BBC:
http://www.youtube.com/watch?v=w2MG2NuFVI8

UHU!

16.12.09

Pinguins e ursos polares

Escrevo muito brevemente, só para dizer que hoje Berlim amanheceu completamente coberta de neve. Tudo estava pela manhã tão branco, que era difícil distinguir terra, água e céu. As árvores completamente sem vida e escuras davam um toque um pouco sombrio a isso tudo. As fotos com cores saem iguais às fotos em petro e branco. Foi uma ótima desculpa para não ir hoje na aula e ficar andando sem rumo pelo Tiergarten. Uma manhã congelada e divertida. Infelizmente, ainda sem bonecos de neve, mas com bolas de neve atiradas nas janelas das casas para acordar os ainda dormentes berlinenses.

Nesse momento está fazendo -2°C e pela noite irá cair um pouco para -4°C. O divertido é olhar a previsão de tempo para o final de semana e ver que irá fazer -8°C com sensação térmica de -12°C. E todo mundo diz que isso ainda não é nada, está só começando. No começo do ano a mínima foi -27°C. Pois que venha o inverno e o frio extremo!

E nós, devido a esse frio todo, nos transformados em seres dos pólos. Com as mãos sempre entocadas nos casacos, até para correr e pegar o trem, somos como uma população de pinguins.

10.12.09

Viver para narrar ou narrar para viver?

Em meio a tantos acontecimentos por dia, fica difícil transpor tudo para o papel. Queria muito ter tempo e energia para tanto, assim poderia absolver melhor todas as experiências e aprendizados do cotidiano. Além do que, se não escrevo, com os anos posso não conseguir lembrar de tudo que vivo agora, e escrevendo talvez eu possa um dia apalpar tudo isso, deixando as coisas menos abstratas, como se os textos fossem uma lupa para enxergar o meu passado que estará talvez embaçado. Por isso procuro escrever, e escrevo quase sempre para mim mesmo. Geralmente escrevo em cadernos e em outros formatos, mas também gosto de compartilhar o que escrevo, deve ter pelo menos uma pessoa que leia meus textos, então posto aqui.

São muitas coisas para transpor em palavras, mas para a maioria, preciso de muita tinta e papel. Então por ora, me contento apenas em falar da minha mais nova descoberta em Berlim, televisão! A TV alemã é tão ruim quanto a do Brasil, acho que é uma merda em qualquer lugar que se vá. A única diferença, é aqui se vê muitos peitos, mas muitos peitos! De madrugada, em vários canais tem propaganda de Disk-Sex e filme erótico. Muito melhor que Emannuelle, bem menos soft core, mas ainda assim à base de peitinhos. Ontem vimos South Park e foi ótimo entender palavrões e gírias. Deixo sempre no canal de desenhos, agora vejo o Pato Donald falar alemão (a voz é igualzinha!), e to passando de canal em canal vez ou outra pra descobrir onde passa Os Simpsons. Acho que vai ser bom pra melhorar o alemão e também pra me manter um pouco informado em termos gerais do que se passa no mundo.

Também temos agora aquele grilling machine, ontem teve até carne no jantar para a inauguração. Uma ótima herança deixada. =D

Desde que chequei aqui, além da programação da Fundação que chega sempre no email, não sei o que se passa no Brasil. Leio raramente o JC e o CMI. Talvez por esse distanciamento com essas notícias absurdas que era acostumado a ver nos jornais, fiquei meio mal com uma matéria sobre o aquecimento global. Um urso polar devorava outro urso polar por falta de comida. Fiquei pensando, se isso acontece, sem ser na nossa merda de espécie compulsivamente auto-destrutiva, onde se mata por uma merda de celular ou até por muito menos, as coisas nesse mundo não estão definitavemente nada bem.

As férias do Natal estão chegando, quase todo mundo vai visitar suas famílias, queria muito poder isso também. Mas fico em Berlim, tentar arrumar algum trampo temporário de duas semanas, juntar grana pra viajar e/ou comprar a câmera. Fico nesse constante trade-off, viajar ou comprar a câmera? E ainda entra outro fator nessa fronteira de possibilidades que é aproveitar ao máximo Berlim, saindo todo o dia e não perdendo um só show ou festa, mas aí se confronta com outro parâmetro, que é estudar.  Tenho que equilibrar isso tudo, mas até agora não tive muito êxito.

Isso, claro, não é tudo. E voltando ao dilema inicial, me deparo com um outro bem mais prático, ¿vives para limpiar o limpias para vivir?. A vida é bella, mas quem disse que é fácil?

5.12.09

Sonho

Acordo às 19:26 de um cochilo antes da festa de despedida de Bruno devido a um sonho.

É verão em berlin, provavelmente já nao moro mais aqui, pois estou hospedado num hotel em algum lugar de Prenzlauerberg. Sei disso, pois alguém disse algo como, "Não sabe? Aqui é uma das áreas mais movimentadas de Berlim. Muitas festas". No hotel que estávamos hospedados, havia muita polícia, alguém muito importante estava lá hospedado. Era um dia bem quente, por isso estava de bermuda, sandálias e com o casaco leve de todos os dias. Vamos conversando a pé. Descubro que estamos a caminho de uma reunião importante sobre um projeto. Então alguém me diz, "Você não pode ir assim do jeito que está". Mas como ninguém me avisa? Como eu não havia me tocado? Então vou vendo como as pessoas estão vestidas. Um traz um terno e gravatá. Outro, de camiseta, casaco leve como o meu e tênis. As outras pessoas não lembro. Ando com todos até a entrada, ainda meio desconfiado sobre o fato de não pode ir do jeito que estava para a importante reunião de negócios. Já na porta do elevador, me dão a chave do quarto, o número é 124, e falam pra eu vir com o carro, pois assim não me atraso tanto mais. me passam recomendações e informações inúteis e complicadas sobre o funcionamento do carro. Não entendo nada, mas sei que não pode ser tão diferente dos outros carros. Também me falam que a essa hora e aqui por perto, não terei problemas com a polícia se dirigir o carro. Mas tenho carteira de motorista, digo isso apenas pra mim. Saio correndo com o celular na mão pra escrever uma mensagem perguntando que sala será a reunião e também pra confirmar o endereço do prédio. Correndo, a paisagem se transforma em alguma rua a beira-mar de uma capital nordestina, Aju provavelmente. Uma senhora que está passando tenta bloquear minha passagem com os galhos de uma árvore. Acho que ela pensou que havia roubado o celular. Temendo outras reações parecidas, guardo o celular no bolso sem terminar de escrever a mensagem. Um homem de meia idade e um pouco careca me atira uma garrafa, que por sorte não pega em mim. Olho pra ele e grito, "Danke!". Continuo correndo e escuto ele resmugando com o filho, "Mas a garrafa nem pegou nele!". Continuo correndo sem hesitar, assim acordo e ainda continuo correndo.

Me perdoe a pressa - é a alma dos nossos negócios!
Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem!
Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí!
Pra semana, prometo, talvez nos vejamos...Quem sabe?
Quanto tempo!
Pois é...quanto tempo.
Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas.
Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança.

Quanto tempo.. Quão curto tempo.. Quão efemêro tempo. Nunca pára, não pára nunca.

Eu só ando em busca de um sono tranquilo, enquanto corro pra pegar meu lugar no futuro. Quanto tempo. Pois é quanto tempo.

23.11.09

Manual de supervivencia del estudiante Erasmus

Depois de uma manhã de segunda-feira de merda, vou no Facebook ver onde serão as festas da semana e dou de cara com esse texto genial sobre nosso dia-a-dia como Erasmus. Vale a pena ler até o fim. Viel Spaß!

por Angel Menargues

Ahora que han quitado el servicio militar obligatorio, todo el mundo debería estar obligado a marcharse de Erasmus lo menos medio año. De alguna manera tienen que curtirse los jóvenes de ahora, que lo tienen todo hecho, coño. Pero un Erasmus de verdad, de los de tocar diana a las 7 de la mañana todos los días y de compartir cocina con una piara de cerdos. Eso sí que curte.

Yo mismo he descubierto facetas de mi personalidad que desconocía, y todo gracias a la vida lejos de la protección familiar, de la ropa que se lava sola y vuelve a los cajones, de las comidas que se preparan espontáneamente por algún tipo de reacción endotérmica todavía sin explicar, de las duchas que siempre tragan... El cuerpo humano, en situaciones límite, puede llegar a sorprendernos. En estos anexos explicaré cómo actuar y salir airoso en las situaciones más complejas.

Comencemos esta breve serie de episodios por describir tu morada. Todo lo que debes saber sobre tu habitación (tu chambre).


· Tu habitación: ¿vives para limpiar o limpias para vivir?

Una de las primeras decisiones que vas a tomar va a ser qué haces con tu habitación. Así como tus padres se plantean todos los días si trabajan para vivir o viven para trabajar, tú tendrás que decidir si vas a vivir para limpiar o si vas a limpiar para vivir. Limpiar para vivir suena mal, pero vivir para limpiar suena decididamente peor.

Viniendo de un entorno higiénico y cuidado como es tu habitación en casa (hablamos del término medio), debes saber que has estado mal acostumbrado durante mucho tiempo y que vas a tener que enfrentarte a la realidad. A partir de ahora, los conceptos de sucio, muy sucio y guarro van a seguir existiendo, pero aplicados a situaciones diferentes. Quieras o no, vas a tener que reescribir tu diccionario personal. Hay que adaptarse. Ya se sabe: “Estos son mis principios. Si no le gustan, tengo otros”.

Lo primero que vas a tener que decidir es la decoración: ¿Pongo muchos posters, moqueta, lámparas y fotos o dejo las paredes como están y les pego mocos? Gran dilema, sin duda. Llegar a la habitación y encontrarse con un lugar desangelado e impersonal puede provocarte una verdadera depresión si has tenido un mal día. Sin embargo, la máxima que rige en estas situaciones es “Toda la mierda que entra debe salir” (“antes o después” añade el corolario). La primera consecuencia que se desprende del teorema es que todo lo que metas en la habitación te lo tendrás que llevar, y lo más seguro es que cuando te larges no te esté esperando la furgoneta de mudanzas, así que piénsatelo dos veces antes de meter “ese sillón tan bonito que vendían en el mercadillo por cuatro euros”. Por otro lado, si no eres amigo de la escoba y el plumero, limpiar el museo todos los días te tocará los cojones, y si no limpias la colección de cachivaches, sabrás lo que vale un peine. Lo bueno de Francia es que hace tanto frío fuera que rara vez tienes la ventana abierta, y en todo caso, como en el aire flota agua en vez de polvo, por ese medio será poca la mierda que se propague. Las habitaciones de las españolas eran impresionantes, puñeteros museos itinerantes: moqueta, pañuelos haciendo de cortinas, posters por todas partes, cartas de los amigos colgadas de las paredes, fotos de los colegas, lámparas de pie, retratos, alfombrillas, cuadros, mini-cadenas, gorras, plantas... Toda la mierda que puede caber en una habitación y que uno ni siquiera se atrevería a meter en el dormitorio de casa. Aquellas habitaciones eran tan barrocas que las dueñas podían haber cobrado por entrar en ellas. En el buen sentido, claro.

¿Y qué es lo que queda cuando uno tiene que marcharse, ese momento tan lejano en el tiempo que un buen día llega? Pues queda romperse el corazón tirándolo todo porque, desengáñate, en el tren o en el coche tendrás suerte si puedes traerte de vuelta la ropa que llevaste y los cuatro libros que has usado. Comprobarás que las prendas de vestir se inflan con el tiempo y que la impresión que tenías de que estabas leyendo demasiado era correcta. En fin, que tendrás que encontrar el equilibrio entre el impulso de vivir entre accesorios y la necesidad de mantener un ambiente práctico y fácilmente limpiable, porque la limpieza de la habitación es tema aparte.

Lo normal es que el suelo sea sufrido; un color oscuro y un diseño tal que parece que ya esté sucio. Necesitarás poco mantenimiento para mantenerlo decente: una escoba y un poco de maña te permitirán salir del paso. Si te consiguieras hacer con un cubo y un mocho ya sería la hostia, speaking in silver, pero esta combinación también tiene sus inconvenientes. Llenar el cubo de agua no es tarea baladí, y además el suelo tarda horas en secarse porque no hace precisamente calor. Si tienes el suelo de tu reducido espacio vital mojado durante dos horas, ya me dirás qué haces mientras tanto. No te compliques la vida y pasa del mocho. Un aspirador ya son palabras mayores. Si consigues hacerte con uno serás el rey de la limpieza.

¿Cuándo necesita el suelo una barridita? Buena pregunta. Pasar el cepillo es una tarea laboriosa y poco grata cuando no estamos en una iglesia, así que, a menos que seas alérgico a los ácaros esos de los anuncios de limpiadoras a vapor, bastará con que barras cuando se empiecen a formar las clásicas pelotillas rodantes de las películas del oeste. Así de fácil; acción y reacción.

El resto de accesorios de la habitación no necesitan prácticamente mantenimiento. Las ventanas allí se limpian cuando llueve, que es todos los días; así que no te molestes. Los estantes no cogen prácticamente polvo en comparación con el suelo, y a la mesa le bastará un pañuelo por encima cuando puedas escribir sobre ella con el dedo. Eso es todo.


· El baño: lo odiarás si lo tienes y lo echarás de menos si no.

Tener un baño en la habitación es un verdadero lujo, pero también una gran responsabilidad. Un baño es el espejo del alma guarra: si uno es muy limpio se podrá comer sopas en el suelo, pero si uno ha salido guarro, entonces que el cielo nos asista. No se sabe por qué la mierda que no se acumula en la habitación se hace fuerte en el cuarto de baño. Compra algo de lejía y procura darle un repaso a fondo de vez en cuando, si no, estás perdido.

El espejo precisa poco mantenimiento. Puedes pasarle un pañuelo cuando te veas entre brumas o, puntualmente, cuando explotes un grano contra su superficie. El lavabo pide, al igual que el váter, algo de lejía de vez en cuando, sin las necesidad ocasional, eso sí, de limpiar el borde cuando mees fuera (si tienes dudas sobre si normalmente meas dentro o fuera de la taza, consulta a tu madre). En la taza recuerda que el uso de la escobilla es fundamental, especialmente si esperas visitas. Marcas de derrape sobre la porcelana pueden arruinar tu reputación, y aunque lo de que todo el mundo come flores y caga mierda es cierto como el sol que nos alumbra, poco podrás decir para arreglar el trauma causado.

En fin, del baño no cuento mucho más porque todavía tengo mucho que aprender. Hasta que reluzcan como cuando los limpia mi madre aún me quedan años de práctica.


· La colada, esa gran desconocida

Una cosa es segura: no importa la cantidad de ropa que lleves ni lo cerdo que seas, al final tendrás que poner una lavadora. Hasta ahora has vivido en un ambiente donde la palabra lavadora sonaba como algo lejano y distante. La ropa sucia era recogida del suelo de tu habitación por unos enanitos que salían por las noches de tu armario, y entonces lavada y depositada de nuevo en los cajones. Pues bien, te lo diré claramente: en el extranjero no hay enanitos. Hay, por tanto, muchas cosas que necesitas aprender, y rápido.

Para lavar la ropa se necesita jabón, regla número uno. Asegúrate de que lo añades a la lista de la compra, junto con los cereales y las birras. No hace falta que compres el que deja los jerseys de lana como una ovejita, ni ese que es tan cremoso como un buen chocolate a la taza: echa el más barato al carro y añade más cervezas, no seas tonto. Venden el clásico en pastillas que viene con unos dibujos explicativos la mar de apañados, imposible fallar en la dosis.

Si encuentras algo más sencillo, cómpralo. Mucha gente dice que si pones un chupito de suavizante en la colada la ropa queda mucho mejor, más suave y esponjosa. No te dejes engañar: deja el suavizante en el estante y echa otra caja de birras al carro. Equilibrando el presupuesto.

Segunda cuestión: ¿Cuándo necesita mi ropa una lavada? He aquí una compeja cuestión sobre la que versa una amplia bibliografía. Numerosos autores han escrito ríos de tinta sobre el tema y ni siquiera los expertos se ponen de acuerdo entre sí. Bueno, los expertos sí: las madres. Según este colectivo, la máxima es “Una puesta y punto”. Nada es reciclable.

Como todos sabemos de toda la vida, los extremos no son buenos, y en el mundo de la ropa sucia esta verdad universalmente aceptada no va a ser menos. Si es cierto que nunca nada está demasiado limpio, no es menos verdad que nunca hay nada demasiado sucio como para no darle un último pase. Y es ahí cuando entra en juego el sentido común. Si es que todo en esta vida se reduce a lo mismo, sentido común y sexo.

Empecemos revisando conceptos: ¿Qué es la suciedad? ¿Cuándo podemos decir que algo está sucio? Una camiseta puesta 4 ó 5 veces, ¿está sucia? ¿Lo estará con 5 puestas más? La suciedad es un concepto completamente relativo, y por tanto establecer reglas es extremadamente difícil. Además, cuanto menos tiempo tienes para poner una lavadora y menos ropa limpia tienes disponible, menos sucias parecen las cosas. Así pues, si en el tema de la limpieza de la habitación teníamos una idea más o menos precisa de cuándo debíamos pasar la escoba, en el universo de la ropa sucia deberemos dejarnos llevar por el instinto. Una buena máxima sería, simplificando mucho: “Si no cruje, póntelo otra vez”. De todas maneras, que sepas que, de la misma manera que aquella chica que el primer mes te parecía tan poco agraciada ahoratiene su aquel, al cabo de cinco meses estarás oliendo la ropa de un Sábado noche como si fuera esencia de lavanda. Tiempo al tiempo. El guarro no nace, se hace.

La ropa de cama es punto y aparte. La ropa de cama es el nombre que recibe, en los círculos técnicos, el conjunto de sábanas, funda de almohada y cubrecama. Dependiendo de la bibliografía y del autor, la ropa de cama puede incluir también el pijama, pero no es un concepto universalmente aceptado. Nosotros, sin embargo, consideraremos al pijama como parte del conjunto ropa de cama, ya que tienen lo que en la literatura especializada se denomina un periodo de rotación similar. Pueden por tanto asociarse como la “familia cama” y por tanto ser tratados de manera unificada en el proceso de planificación agregada. El pijama se lavará cuando la ropa de cama, y la ropa de cama se lavará cuando dios nos dé a entender. Es difícil saber cuándo se debe lavar unas sábanas, ya que el deterioro y engorrinamiento es tan progresivo que uno sólo aprecia la apabullante diferencia cuando se mete en la cama la noche después de lavarlas. En la siguiente clasificación vemos los diferentes niveles de frecuencia de lavado que podemos encontrar, y por los que seguramente pasaremos de uno en uno:

* Nivel mamá: Cambio de ropa de cama todas las semanas. Duración de la fase: 1 semana.
* Nivel “guarro en ciernes”: Una vez cada 15 días. Esta fase comienza tras el primer mes.
* Nivel guarro: Una vez al mes. Este estadio aparece tras el tercer o cuarto mes de independencia.
* Nivel “guarro de cojones”: Cambio de ropa de cama cada tres meses o por tiempo indefinido.

Se da en sujetos genéticamente predispuestos a la mierda o en erasmus de año completo. Se basa en el postulado de “Si al final se acabará ensuciando otra vez”, y en las teorías que opinan que existe un máximo para la cantidad de mierda acumulable por un sólo artículo e intentan sacar partido de ello.

Una vez puestos más o menos de acuerdo en el formato de la señal de alarma, llega por fin el momento de poner la lavadora. Desgraciadamente, lo más probable es que no dispongas de una lavadora para ti sólo, y lo más normal es que la urgente necesidad de lavar la ropa te llegue de sopetón, en el momento más imprevisto, como un buen apretón. Intenta, aunque te será difícil, hacer un planning de lavado. Prevé las necesidades y asigna recursos. Lavar la ropa no es un juego. Lo que sí debes saber antes de lavar la ropa es que, si entras en la lavandería con 10 pares de calcetines, saldrás con 9 pares y un calcetín desparejado. No preguntes por qué. Las lavadoras funcionan con fichas y cobran un tributo de un calcetín por cada lavado. No lo busques, no preguntes; simplemente es así desde tiempos inmemoriales. Todo el mundo lo sabe.

Llega el momento. Estamos delante del bicho. Un universo de temperaturas y ciclos de lavado se abre ante nosotros, así como un cajoncito ávido de detergente. Hagamos un breve esquema y empecemos por derribar otro mito: la ropa de color y la blanca SÍ se pueden lavar juntas. Seguro que has oído toda tu vida que la ropa blanca se lava en caliente y aparte de la ropa de color porque destiñe y patatín patatán: paparruchas. Todo al mismo bombo y agua del tiempo, a 30 grados. Te garantizo que sale todo del mismo color que entró y las molestias son mínimas. En todo caso, ahora eres un guarro; aprende a tomar riesgos y a asumir consecuencias.

Otra cuestión peliaguda es si vamos a poner prelavado o no. Veamos. Las pastillas que compras en el super vienen de dos en dos, una para el prelavado y otra para el lavado, aunque sean iguales. Metes una en cada compartimento y le dices que lave antes de lavar, si es que eso tiene algún sentido. Míralo de esta manera: el prelavado es gratis y la ropa está un cuarto de hora más en remojo; ¿a cuántas cosas en esta vida les puedes pedir lo mismo?

Tras el lavado viene el secado. Lo normal es que donde estés no se estile el secado de ropa al aire libre, más que nada porque lo que hace la ropa al aire libre por esos lares es empaparse, así que seguramente dispondrás de una secadora a tu alcance, oh máquina prodigiosa. Los mandos de este artilugio son algo más sencillos, y tan sólo tendrás que elegir la temperatura de secado. El tiempo de secado va normalmente en función de la temperatura, así que seguramente no tendrás que asignarlo tú, sin embargo, de sufrirlo, no habrá quién te libre. Dependiendo del país, las posibilidades de secado varían. Aunque existe una gama de unos cinco secados diferentes, trabajaremos con los equivalentes locales de “Secado Caluroso” y “Secado Infernal”, más que nada porque cuando tú vayas a lavar meterás toda la ropa que te quepa, y secar eso precisa de calor y paciencia. Un Secado Infernal puede rondar las dos horas, así que vete a dar una buena vuelta mientas la ropa da los últimos coletazos. Una última pregunta sería: ¿Qué puedo meter en la secadora? La respuesta corta es: todo lo que salga de la lavadora. Probablemente tu madre te recomendará no meter una chaqueta de lana en un Secado Infernal. Recuerda que las madres suelen tener razón.

Este es, a grandes rasgos, el proceso de lavado hecho fácil. Ya sabes, todo junto, temperatura moderada y prelavado. Y en caso de desastre, recuerda: hay cosas más importantes en la vida que una camiseta.


· La cocina, territorio comanche

La cocina es como el cuarto de baño: si la tienes la odias, y si no la tienes... ¡ay si la tuvieras! Comparar la cocina con el cuarto de baño quizá sea un poco fuerte, pero al fin y al cabo son el principio y el fin del ciclo y tienen mucho que ver. Tienes varias posibilidades según el lugar en el que vayas a vivir:

* Sin cocina: a comer en la cafetería. Parece increíble que esto suceda, pero existe.
* Con cocina “individual”: La cocina individual es una habitación tan pequeña que no puede cocinar más de una persona a la vez. Quizá sería más correcto el término “cocina por turnos”. Yo no lo he vivido, pero tiene que ser de órdago. Tiene que acabar siendo algo muy parecido a la opción sin cocina. Me gustaría extenderme más en este apartado, pero no me gusta hablar sin conocer.
* Con cocina compartida: La opción a priori más adecuada. Yo tuve la suerte de caer en este último grupo, así que será aquí donde me extienda.

Existen muchos mitos en torno a las cocinas compartidas. El primero es que, como vas a estar con más gente, haces amistad enseguida. Falso. Dos personas no tienen por qué hacerse amigas aunque las encierres dos días en un armario.

Y no es cierto por varios motivos. Primero: como estudiante español, tus horarios de comida están completamente desfasados, y es difícil que coincidas con alguien en la cocina. Segundo: Cuando coincidas, desearás que la otra persona que está jugando con los fogones o usando todos los cazos estuviera muerta. Cuando uno cocina mal, lo último que necesita son interferencias.Tercero: Cuando vayas a utilizar una sartén y estén todas sucias, te cagarás en la familia de todos los que comparten la cocina contigo, probablemente sin excepciones. Cuarto: En los desayunos, única comida en la que no se necesitan alardes culinarios y que además todo el mundo toma a la misma hora, seguramente compartirás mesa con tus compañeros de cocina. Verás entonces que, de buena mañana, nadie tiene ganas de hablar, y en caso de que alguien las tenga, desearías que un rayo le fulminase allí mismo y cerrara la puta bocaza. La convivencia es dura, señores. Y más con gentuza como ustedes. Háganse cargo.

La nevera es centro de disputas. El espacio está limitado y todo el mundo quiere conservar sus alimentos al cobijo del frío, así que la lucha por el territorio es más o menos como en los documentales de animalicos: atroz y sin piedad. Si tienes suerte, sólo lucharás por el espacio. Si no la tienes, lucharás por que no te manguen los filetes. Haz la prueba el primer día: compra un filete de los caros y déjalo en un lugar bien visible. Si a la mañana siguiente ha desaparecido, mira precios de neveras pequeñitas o no compres nada que necesite de frío hasta que llegue el invierno y lo puedas dejar en la repisa de la ventana.

El friegue de los cacharros es un segundo foco de violencia. Lo normal es que lo que uno utilice lo friegue después. El problema es que las sartenes pasan por muchas manos, y en cuanto un eslabón falla el sistema se va al carajo, lo cual no tarda demasiado en pasar. Una cocina es un universo al límite del caos, y por tanto sus movimientos son impredecibles. Sólo se sabe que, si puede ir a peor, irá a peor. Esto es aplicable a todo, no sólo a las cocinas.

Otro punto caliente es la reposición de los consumibles. En una cocina los consumibles básicos son el líquido lavavajillas y los estropajos. En un segundo nivel se situarían los trapos para secar los cacharros y el aceite y la sal. Los consumibles básicos se gastan con rapidez (buena señal, todo sea dicho) y alguien tiene que reponerlos. Tú en tu buena fe lo harás una vez, pero no más. Multiplica eso por el número de habitantes de la cocina y tendrás el periodo de disponibilidad de consumibles. Si sois muchos podéis lavar los platos con jabón varios meses, pero si sois pocos...

Un nuevo foco de discusión es la manipulación de la basura. Si se establecen turnos, porque nadie los cumple, y si no se establecen, porque la gente apila la mierda en equilibrio hasta que alguien tira el montón y se tiene que hacer cargo. Por cómo manejan la basura los conoceréis, que dice el refrán. Comer como si estuvieras en un vertedero es una experiencia al alcance de la mano si compartes cocina. ¿No es una maravilla se mire por donde se mire? Una gozada, oiga.

Total, que si vas a compartir cocina, que sepas que has tenido suerte, pero prepárate para lo que tiene que venir. Los vasos relucientes, los platos limpios y las sartenes listas para usar de las primeras semanas, se tornarán en vajilla sin fregar amontonada en la pila. Las mesas impolutas se transformarán en superficies pegajosas y con restos de mierda por doquier. Un infierno. Y eso que has tenido suerte... En fin, hemos venido aquí a curtirnos, ¿no?


· Una dieta sana y equilibrada

Estamos lejos del hogar, pero aún así tenemos la responsabilidad de comer sano y suficiente. El cuerpo es una máquina delicada, y más cuando se la somete al ritmo de un Erasmus. Es por esto que hay que plantear bien la situación y programar las comidas de manera adecuada.

En Francia, por ejemplo, se desayuna a las 7:30 como muy tarde y hasta mediodía no comes, así que ya me dirás cómo llegas hasta la comida sin un desmayo. La solución pasa por una chocolatina o unas galletas de esas para cagar duro a media mañana. Eso te dará la energía suficiente para llegar a las 12 sin perder el conocimiento. El segundo problema se presenta cuando sales del curro a eso de las 5:30, los franceses y el resto de europeos aguantan hasta las 7, cenan y se van al catre. Pero el español, sin nada que llevarse a la boca desde el mediodía, ya me diréis cómo llega a las 7 de la tarde. La solución pasa por una nueva barrita de chocolate o galletas de las.. bueno, de esas, y una merendola de órdago nada más llegar a casa. Sí, la merendola nos quitará las ganas de cenar, claro, pero es que si cenábamos a las 7 tampoco íbamos a llegar a la hora de acostarnos sin llevarnos algo al gaznate, no nos engañemos. Así pues, habiendo establecido una serie de intervalos horarios para la ingestión de calmantes estomacales, veamos ahora qué es lo que vamos a comer.

El desayuno es prácticamente tema libre. Sin embargo, servidor recomienda los clásicos cereales de toda la vida. Son sencillos de preparar, requieren poco movimiento de cachivaches y apenas hay que fregar luego. La leche te aportará calcio para los huesos, y los cereales, pues eso, ya se sabe que son buenos para todo.

Para una dieta equilibrada, es prácticamente fundamental comer fuera de casa; en la cafetería o en un comedor universitario. Esto, que podría parecer a primera vista un sinsentido, tiene su explicación. En casa de tus padres no comes pescado nunca, y eso que te lo hacen. Imagina si tuvieras que hacértelo tú: comprarlo, guardarlo en la nevera sin que se haga malo, cocinarlo... ¡y con lo exótico que es el pescado como alimento! Vamos, que debes saber que no va a caer un pez en tu sartén ni de coña, y no me vale decir que te haces barritas de merluza congeladas, que eso no es pescado y no engañas a nadie. Es entonces cuando entra en juego el comedor universitario. Normalmente tienes menú a elegir y, al menos una vez por semana, uno de esos platos es pescado. Haz el esfuerzo de comer pescado cada vez que venga en el menú. El resto de días puedes comer lo que quieras, pero cuando le digas a tu madre que comes pescado todas las semanas se le saltarán las lágrimas. También le puedes decir que comes pescado y no hacerlo, pero nadie es tan malvado.

Merienda aparte, sólo nos queda la cena. Por negados que seamos en las artes culinarias, al menos cuatro platos sabremos preparar, lo cual nos asegurará una dieta relativamente variada. El repertorio mínimo de platos a dominar pasa por:

* El filete: No tiene ningún misterio. Se echa un poco de aceite y se hace por un lado. Cuando creas que ya está, le das la vuelta. No tengas miedo; si no se ha hecho bastante siempre puedes darle la vuelta, no corres ningún peligro. Lo sacas con unas pinzas y lo tiras sobre un plato. Discutiremos la guarnición más tarde.
* La tortilla: Su complejidad va un nivel más allá que el filete, pero si no se intenta no se consigue. Lo bueno de la tortilla es que siempre es comestible. No importa si se te hace mierda, siempre la podrás poner en un plato y llevártela a la boca. Y los huevos son parte importante de toda dieta que se precie.
* La pizza: Es sin duda la estrella de la cocina. Precalientas el horno si te sale de los cojones y luego la metes. Esperas unos minutos hasta que se caliente un poco, la sacas y al buche. Este plato conlleva sus riesgos, ya que sino estás al tanto puedes quedate sin cenar. Así pues quedamos en que es fácil pero que hay que controlar. Lleva queso, jamón y todo lo que quieras, así que te mantendrá en forma.
* Pasta: Sencilla pero nutritiva, requiere sin embargo algunas dotes gastronómicas. Un poco de bacon y de natita y te quedarán de vicio, pero hasta solos (que te los comerás así alguna vez, que lo sepas) están buenos y llenan el buche. Difícil es que los hagas mal, pero un poco de práctica antes de salir del país te vendrá bien.

Como guarnición para semejantes manjares, existe una amplia gama de productos que harán nuestra cena más llevadera.

Veamos la lista:

* Patatas fritas: La hay de dos tipos, las naturales y las congeladas. De las naturales despídete, porque tienes cosas mejores que hacer que pelar patatas; y el problema de las congeladas es que ocupan mucho espacio en en congelador y no estamos para tirar cohetes. Bueno, casi mejor que te vas olvidando de las patatas. Total la buenas son las naturales. Las congeladas son todo aceite y seguro que te las darán en el comedor universitario, así que tampoco pierdes tanto. Que les den a las patatas...
* Puré de patatas: Esto sí que mola, el alimento del futuro. Si los astronautas lo toman tú no vas a ser menos. Sólo tienes que calentar un poco de agua y echar unos polvillos que vienen en un sobre. Hasta un mono sería capaz de hacerlo. Está para chuparse los dedos y anima la cena que no veas. Imprescindible en el carrito de la compra.
* Salchichas: Típicas salchichas de Frankfurt de toda la vida. Las venden en cualquier sitio y es difícil hacerlas mal. La puedes hacer hasta sin aceite y en el cazo del que acabas de sacar el puré de patatas. Ten en cuenta que hay que economizar recursos.
* Maíz: Lo venden en latitas. Lo tiras con las salchichas y que se caliente un poco. Eso es todo. Acompaña las tortillas y carnes que da gusto. Ten siempre a mano unas latitas de maíz. Y si no te gusta, pruébalo igual, tonto, que está muy bueno.

Entre los cereales de la mañana, la comida en el comedor universitario y tus cocinitas nocturnas, verás cómo no pierdes ni un solo kilo. Vas a llegar a tu casa sonrosado y lustroso cual cerdito atiborrado a bellotas. Tu madre va a estar contentísima.

18.11.09

Berliner Roots

Quase todos os dias os carros amanhecem pegando fogo em Berlim. Só nesse ano mais de 270 carros foram incendiados. Antifa, anarquistas e grupos de extrema esquerda têm bastante força por aqui.

A TU-Berlin está mais uma vez ocupada e ontem mais de 7000 pessoas compareceram a Demo contra o Tratado de Bolonha.

As ocupações por toda Berlim resistem à polícia. Friedrichhain, Kreuzberg, Mitte.

Textos em alemão do Berliner Zeitung de hoje:

http://www.berlinonline.de/berliner-zeitung/berlin/polizeireport/146520/146521.php

Guten Morgen Berlin!

16.11.09

Berliner Highlights

Berlim é uma cidade única no mundo, com particularidades que só existem aqui. Digo sem medo de superlativos que essa é a melhor cidade do mundo. Não existem sequer parâmetros de comparação. Não é uma cidade fácil, é preciso um bom tempo aqui para conhecer coisas interessantes. É possível sair num sábado sem rumo e acabar não encontrando um bar legal sequer. Ou então sair numa segunda-feira e encontrar uma boate lotada, como hoje deve estar a noite de música eletrônica russa no Kaffe Burger. Mas não é de disco que quero falar, isso fica para outro post, quando eu já tiver visitado a maioria. Quero falar um pouco desses lugares que ajudam a tornar essa cidade do jeito que é, o que na verdade é muito difícil de transmitir tudo isso em palavras.

Teufelsberg

Uma montanha construída com os destroços da Segunda Guerra Mundial, um dos pontos mais altos da cidade. Lá funcionou um centro de espionagem da CIA e hoje esse prédio está abandonado. Para chegar lá temos que andar cerca de meia hora pela floresta e então achar algum buraco no muro triplo que cerca a construção. Já dentro vemos vários grafites e temos a sensação de estarmos entrando num filme de terror. O lugar parece nos sugar para dentro das suas estruturas e um barulho assustador do vento balançando o que antes fora o revestimento do prédio torna o clima ainda mais sombrio. Chegando no primeiro piso já vemos de perto as gigantes bolas que compõem o prédio. Ainda muitos grafites, garrafas de bebidas e o som do vento cada vez mais forte. Precisamos subir ainda cerca de cinco andares para chegar no topo e entrar na maior bola, lugar onde existe um eco que torna tudo ainda mais surreal. Eu posso falar a metros de distância e parece que eu estou bem do seu lado, eu falo novamente e estou do outro lado e um simples estralar dos dedos faz um som altíssimo. Da última vez que fomos lá era noite e fomos com bebidas para fazer uma pequena festa, mas era enlouquecedor ficar lá dentro por muito tempo. Então fizemos uma foqueira na floresta para nos esquentar e beber o resto do vinho. Um dos lugares mais loucos que fui na vida. Não era à toa que Lynch queria comprar o prédio para fazer uma universidade. Parece não ter dado certo porque o sócio era uma cara com idéias meio nazistas.

Texto sobre Teufelsberg:
http://en.wikipedia.org/wiki/Teufelsberg

Lynch e Teufelsberg:
http://www.time.com/time/world/article/0,8599,1684582,00.html

Flickr:
http://www.flickr.com/photos/brecht_deandada/3912214885/in/set-72157622767085886/

Mauerpark

Todos os domingos faça chuva, sol ou neve, nós estamos lá! O Mauerpark foi construído depois da queda do muro, exatamente ao lado onde ele passava. Até hoje a obra não foi concluída e construtoras planejam construir edifícios residenciais, pois lá é hoje o metro quadrado mais caro da cidade. Fica no bairro de Prenzlauer Berg, bem próximo da Kastanianalle, a rua mais "cult" de Berlim, com cafés, bares e lojas vintages. Sábado mais de 700 pessoas protestaram contra esse empreendimento.

No Mauerpark aos domingos funciona o Flohmarkt, a maior feira de usados de Berlim, com todo o tipo de coisa que se imaginar. Várias câmeras, vinis, livros, é possível passar horas olhando as raridades que existem por lá. No parque sempre se apresentam grupos ao ar livre, músicas de todos os tipos e do mundo todo. Às vezes rolam raves que só acabam com a polícia chegando e como sempre nos fazendo mudar de local. Mas sem dúvida a maior atração do lugar é o Karaoke, onde cerca de 1000 pessoas se amontoam na arquibancada para assistir as perfomaces de crianças a velhos, berlinenses e estrangeiros, péssimos cantores e muitas vezes pessoas que surpreendem com seus vozeirões. Quem teve essa idéia que começou na primevera desse ano foi Joe Hatchiban, um cara de Dublin que já mora a cinco anos em Berlim. Ontem com o inacreditável sol que fez no meio do outuno, depois inclusive de já ter nevado no dia 04.11, a arquibacanda estava como sempre lotada e deve ter se extendido até anoitecer e começar a fazer frio. É um lugar onde nós mesmos criamos nosso entreternimento. Fantástico!

Meu aniversário não poderia ter sido em outro lugar senão lá. Acho que foi o lugar que mais vezes fui desde que moro aqui.

História do Mauerpark:
http://en.wikipedia.org/wiki/Mauerpark

Flickr:
http://www.flickr.com/photos/brecht_deandada/sets/72157622296211493/

East Side Gallery

A maior parte que resta do Muro de Berlim. Depois da queda do muro, artistas do mundo todo vieram a Berlim para transformar essa parte do muro numa galeria de arte. E nesse ano dos 20 anos da queda, tudo foi restaurado, na maior parte pelos mesmos artistas de 89. Aqui já se trata de um lugar mais turístico, mas o importante é o que significa essa enorme pedaço do muro na margem do rio Spree. Nos faz voltar no tempo, nem tanto tempo na verdade, e nos fazer lembrar que durante 28 anos a parte ocidental foi completamente cercada e entre os setores ocidentais e a DDR, construída esse muralha. Berlim foi durante toda a pós-guerra o centro do mundo, qualquer acontecimento aqui poderia resultar numa outra guerra. Isso tudo é muito louco e quase inacreditável, um muro dividindo uma cidade, dividindo famílias inteiras e amigos. Hoje ainda é muito clara a diferença entre os dois lados dos muros. Na parte oriental, blocos de concretos, vida barata e muitos estudantes. Na parte ocidental, os prédios mais antigos, população mais velha e custo de vida mais alto.

Dia 09 de Nov foi a comemoração dos 20 anos da queda do muro. Em 89 eu também estava aqui. Isso tudo representa muito para mim. Eu queria escrever algo sobre, mas tudo isso é muito complexo. Quem sabe depois de muitas leituras.

Flickr:
http://www.flickr.com/photos/brecht_deandada/3913039664/in/set-72157621037656125/

Site oficial:
http://www.eastsidegallery.com/

Fernsehturm

A construção mais alta de Berlim, construída em 1969 pela Alemanha Oriental. Para mim é o maior símbolo da cidade. Onde quer que vamos a Fernsehturm está nos observando. [Orwell? Nunca tinha pensando nisso] É possível pagar 10 euros e subir até seu topo, onde existe um restaurante que fica sempre girando 360°, mas nunca fui lá em cima. Fico satisfeito de poder vê-la de qualquer lugar da cidade e ficar tirando fotos de infinitas perspectivas. É muito emocionante chegar em Berlim de avião, já de noite, e ver a torre brilhando. Me sinto confortável, sei que estou em Berlim, sei que estou em casa.

Flickr:
http://www.flickr.com/photos/brecht_deandada/4029889713/

Ainda tenho milhões de coisas sobre Berlim para escrever, as comidas, as pessoas, as ruas, o metrô, os bares, as discos, os cinemas, as músicas... Tudo isso faz parte de toda a sinergia da cidade, mas fica para um próximo post. Não existe lugar no mundo com coisas assim. 

Mais Flickr:
http://www.flickr.com/photos/brecht_deandada/sets/72157621037656125/

Jut!

28.10.09

Sempre o mesmo (?)

Escrevi um texto sobre ciclos, meio inspirado em Josué, [Josué!!!] mas ficou meio denso e pesado. Não condiz com meu estado de espírito, particulamente hoje. Ia escrever sobre ciclos, movimento de translação e orbitas. Mas no caminho de casa vim pensando em movimentos de rotação. Tempo passa, tempo voa e... eu não mudo! Pelo menos a maioria das coisas permanecem. Bom? Ruim? Não sei. Só sei que é fato. Continuo andando na rua na velocidade dos meus pensamentos, idéias que brotam a todo instante, mas que tenho o péssimo hábito de não botá-las logo em prática, fico processando, processando e nem sempre saem do plano das idéias. Se bem que ando melhorando isso, né? Continuo sendo completamente desorganizado (agora por exemplo era pra tá fazendo outra coisa, que está em algum lugar anotado. Devo até ter perdido). Continuo dormindo em coletivos e acordando em terminais, gastando muitos dinheiros com xerox, tendo quilos de coisas pra ler (pode-se dizer que agora pesa uma tonelada, pelo idioma ser o alemão), bebendo demais, tomando café indiscriminadamente, dormindo tarde, acordando cedo e completamente compulsivo com as coisas que gosto de fazer. Feliz pra caralho com as pessoas daqui, com as do Brasil e já espalhadas pelo mundo, com os sempre BÄrlinArs que já voltaram a suas casas ou que ainda continuam sua trajetória por aí ou com as pessoas que fui encontrando de andada. Tá difícil manter contato com todos, mas sempre há a conexão.

Na Uni, Bourdieu, Schumpeter, Arrow, Florida, Schutzel. Antes de durmir, Kafka. Cinema, Das weisse Band e Good bye Lenin e de trilha sonora eu não preciso nem dizer oder?

Já 15 minutos escrevendo o texto! Vou-me!

Und na ja, Portugiesisch war verboten, eigentlich ist es noch total verboten zu sprechen und zu schreiben aber keine Lust und keine Zeit jetzt zu schreiben auf Deutsch wie ich jetzt mich fühle.

ps.: Esse blog tá pessoal demais! Tenho que parar com isso!
ps2.: O que é que está acontecendo???

25.10.09

be different, be colorful, be berlin.

Die Festival of Lights ist fast vorbei. Heute ist den letzten Tag und wahrscheinlich mache ich noch Fotos von Funkturm, Schloss Charlottenburg und Charlottenburg Rathaus. Die Festival war total krass und ein bisschen anstrengend, durch die ganze Stadt mit Fahrrad und Stativ (ich habe ein neues und ganz gut gekauft!) und klar, total kalter.

Die Uni hat angefangen, ich habe nur sechs "Vorlesungen" gewählt aber habe ich schon zwei gelassen. Eine war über Politik, ok, gut. Aber war es im Fach von Umweltpolitik, kein Lust. In Vorlesungverzeichnis es gab kein Info über. Die andere dass ich gelassen habe war in Architektur Fakultät. Ich habe in die Vorlesungverzeichnis "Industriekultur im Ruhrgebiet" gesehen. Und dann, cool, Kultur und so, mein Fach. Aber war es über die Industrie und nicht über Kultur. Eingentlich über die Gebäude in diese Industrie, klar Architektur ne. Aber, aber...

Ich mache jetzt ein total ganz gutes Seminar über Kulturwirtschaft (Kuwi), eine Vorlesung und eine Übung über Innovationsökonomie und die Deutschkurs (C1 - Grammatik!). Natürlich muss ich noch etwas wählen, wahrscheinlich in die FG Regionalplanung. Ich brauche nicht die 30 ECTS Punkte wie die ganze Erasmus und dann ist es sehr Flexibel.

Gestern war ich nicht in die Erasmus Party. Wir haben hier zu trinken angefangen zu dahin gehen aber sind hier die ganze Nacht geblieben. Fast ein Flasche von Gin für zwei! Die fast leer Flasche, Zitrone und so weiter sind noch auf dem Tisch. Ich muss diese aufräumen...

Ich fang mit diesem Text zu schreibe hier auf Deutsch an. Schade dass ich mehr Zeit als auf Portugiesisich brauche und dann die Texte kann nicht sehr langer sein. Und natürlich, zu viele Fehler, man sehen. hehe Aber es ist eine gute Übung und die Leute kann verstehen (denke ich). Die nächste Texte werden mehr interessant und mehr kreativ sein.

Guten Morgen Berliner!

21.10.09

Sintonia

Mesmas sensações, mesmos sentimentos e mesma energia. Sempre é assim com a gente. As vidas vão caminhando nem sempre do mesmo jeito, mas a maneira como nos sentimos sempre se assemelha. Isso é uma constatação, toda vez que nos falamos e descremos como andamos nos sentindo, compartilhamos do mesmo sentimento. Às vezes pode não ser bom, pois acabamos sem equilíbrio nenhum, super frenéticos e de bem com tudo ou num poço que parece não ter saída. Nunca conseguimos nos ajudar muito nesse sentido, pois o que se passa com um, acaba se passando com o outro, o máximo que podemos é compartilhar nossos tristezas e frustações e assim nos consolar. Mas quando se passa alegria, realizações e harmonia, não conseguimos nem conversar direito, tanta é a energia. Talvez seja só uma enorme coincidência, mas é incrível como isso pode se passar mesmo estando completamente distantes um do outro fisicamente. Ainda talvez, esteja aí a resposta, estamos longe apenas fisicamente, mas de alguma forma bem próximos um do outro, na nossa eterna cumplicidade. Uma sintonia fina por assim ser. As cores agoram explodem, seja no ensolarado verão de Recife ou no gélido outuno de Berlim.

20.10.09

Festival of Light - Maratona


Festival of Light
Upload feito originalmente por brecht [Albrecht Mariz]
Uma da manhã, acabo de chegar da maratona que foi fotografar quase todos os monumentos importantes de Berlim. Desde às 19h na rua, começando pela Oberbaumbrücke, onde passei mais de uma hora - as perspectivas eram infinitas! Depois fui pra Alexander Platz, encontrei com dois amigos, fotos excelentes. Então eles foram para a Oberbaumbrücke e eu fui para o Portão de Brandemburgo. No caminho, claro, mais um monte de coisa pra fotografar. Multidões de fotografos com seus tripés e paciência sem fim.

As fotos ficaram legais. Apesar de não ter nada mais o que fazer a não ser regular o iso e o ev, até que minha câmera quebra um galho. Mas preciso de um tripé decente e urgente, difícil enquadrar as coisas com essa coisa de 10 cm, mesmo eu deitando no chão. Me pergutaram até se eu precisava de ajuda, porque eu tava deitado no chão, com a bicicleta jogada de lado, parecia que eu tinha caído com a magrela. hehe

Por enquanto só postei essa foto da Fersehenturm, depois posto o resto.


Amanhã tenho aula pela manhã, Innovationsökonomie. Perdi a introdução e a primeira aula, o professor parece cobrar bastante e ser bem metódico. Se não der, vou fazer Regionalplanung und Stadtentwicklung, que é no mesmo horário. Cadeira do departamento de planejameto regional e urbano, que é do caralho! Ah! Hoje foi a primeira aula do seminário sobre cultura. Parece ser muito, mas muito bom!

Hoje, indo pegar o metrô, pensei: Que massa, vou poder tirar um cochilo entre as estações. E na volta pra casa voltei tentando ler o texto do seminário de hoje, mas dormi com os papéis na mão. Mesma coisa de sempre em Recife naquela rotina doida. Bom que isso aconteça aqui, significa que minha rotina tá menos (bem menos) marasmo do que foi no começo. Enfim, enfim, vou dormir.

19.10.09

Manhã de segunda

Acordo cedo, tomo café, começo o dia olhando o tempo, 0° C, apesar de fazer um sol lindo lá fora e não ter uma nuvem no céu. (Sempre falo do tempo, acho que por vir de um lugar que fazia entre 25°-28° o ano todo, e agora num lugar onde pode fazer 26° num dia e no outro já despencar pro -1°, essa coisa toda se torna sempre novidade pra mim).

Começando a semana disposto, ciente da loucura que vai ser. Agora é hora de organizar metodicamente o que fazer cada dia, se bem que nunca sigo essas coisas.

Durmi super mal, sonhos estranhos, fico com os dias na cabeça em contagem regressiva pensando no muito que tenho que fazer, seja ainda como turista, em relação a Uni ou relação a pessoas. Quase tudo paira na minha cabeça como obrigação, isso às vezes é ruim.

Trilha do dia, Morcheeba.

Bom dia, bom dia.

18.10.09

Festival of Light


Schloss
Upload feito originalmente por brecht [Albrecht Mariz]
Semana passada começou o Festival of Light. Todos os principais monumentos da cidade estão com uma iluminação especial. A Fernsehenturm mereceu até uma deitada no chão pra admirar aquele jogo de luzes em meio à neblina no alto da torre.

Hoje fui aqui do lado no Schloss Charlottenburg tentar fazer umas fotos legais. Passei mais de uma hora no frio procurando um bom angulo e um bom momento para tirar a foto. To com as mãos ainda congeladas. Tem foto boa da perspectiva clássica do castelo, mas gostei mais dessa.

Lá na frente do castelo, várias pessoas com suas máquinas e tripés, às vezes fazendo fila nos lugares com os melhores angulos. Os 5° C que faziam não tiravam a paciência de ninguém de fazer uma foto perfeita, sem um borrão sequer.

Na terça já tá marcado, rodar Berlin com a máquina, o tripé e bicicleta. E foda-se o frio!

Paixão doida essa a nossa de pintar com luzes.

Arctic Monkeys

Pois é, por aqui não se fala de outra coisa. Muito mais falado do que as expectativas das (ainda pra mim) assustadoras aulas da próxima semana. Próximo mês, um dia antes dos 20 anos da Queda do Muro de Berlin, no Arena Treptow, será o show de Arctic Monkeys. E quem irá abrir o show serão os Eagles of Death Metal, projeto paralelo do vocalista do Queens of the Stone Age. Uow!
Ontem liguei para uma amiga quando faltava duas horas pro show, pergutando se ela queria ir. Ela topou. Mas chegando lá no Columbia Club, não tinha mais ingresso pro show de Wolfmother. Sem rock n' roll nessa noite. Então fomos andar pela fria Berlim em busca de um lugar barato e quente para beber algo. Agora já é impossível beber nos spätis com cerveja a 1 euro. Apenas alguns poucos têm mesas dentro, a grande maioria tem as mesinhas nas calçadas, já sinto muita falta do verão. Então fomos para Friedrichhain, procurar um bar chamado Barato, nome convidativo não? Andando pelas ruas da antiga DDR me sentia como num filme, era como de certa forma voltássemos ao passado, passando pelos prédios, todos blocos de concretos gigantes. Na Karl-Marx Alle mais uma garrafa de Jägermeister fica pra trás. Achamos o bar, bebemos socialmente e depois fomos atrás de algo pra comer. Falafel Ufo na Kastanienalle, como sempre. Depois White Trash Food, mas ela não queria balada. Kaffe Burger vieleicht? Não, não, vamo pra casa. Já são mais de 04 horas da manhã. Alexander Platz, S-Bahn, Tiergarten - me despeço, Zoologischer Garten, Danckelmannstrasse. No bar do prédio, as pessoas ainda bebiam mesmo sendo quase 06 da manhã. Mas tudo muito tranquilo. Bebo uma cerveja, não consigo tirar o olho da nova vizinha polonesa - como são lindas. Depois que ela sobe, também me despeço, não tem mais nada a fazer e não entendo mais nada que as pessoas ébrias falam comigo.

Hoje, domingo, vou ficar em casa. Se fosse verão, claro, era dia de Mauerpark, mas nesse frio não dá nem vontade de sair de casa. Um livro, um café e continuo com o 100th window como trilha sonora.

17.10.09

Ressaca

Acordo, faço meu almoço, apenas batata, cebola e cogumelos e consigo fazer uma coisa fantástica. Hoje a fome me lembrou que eu devia comer, em alguns dias eu como apenas uma vez e nem me dou conta. Todo mundo já comeu, então almoço só, o resto fica pro jantar. Comi bem, bebi muita água, mas essa ressaca imoral não passa. Vinho barato, tequila, vodka, Jägermeister, tudo junto, na hora fez super bem, mas agora... Eu preciso achar o brother do Engov, deve existir algo assim aqui, alemão bebe pra caralho.

Foda que tenho monte de coisa pra fazer, mas tá complicado nesse estado. Escutando aqui o 100th Window, tentando me animar e na expectativa do show no final do mês. Enquanto isso to baixando aquele cd de 2005 do Wolfmother pra ver se me decido enfim em ir no show deles hoje, nem tá caro, 20 euros.

Apareceu um solzinho hoje, o dia tá até bonito, mas continua frio, o aquecedor tá no máximo. Fico olhando através da janela as nuvens que se formam no horizonte, daqui a pouco começa a chover e esfriar de vez o dia. Enquanto isso um passarinho brinca na calha do telhado, me faz lembrar os beija-flores que habitavam a janela ensolarada no meu quarto em Recife, eu era capaz de passar horas olhando aquele balé, aquela leveza e beleza absoluta.

Ainda quero tirar uma horinha hoje pra continuar a ler O Desaparecido, pra terminar, enfim, a bibliografia kafkiana. A idéia era já começar a ler tudo no original, comecei com um conto, Wunsch Indianer zu werden, curtinho e tranquilo. Mas aí passei pra A Metamorfose e ainda to na primeira página...

Precisando ver mais filmes, ler mais livros, pensar mais. Fui ver Das weisse Band na premiere de segunda no Kino International, infelizmente sem Haneke. O filme é lindo, imagens em petro e branco cristalinas. Os planos abertos e parados continuam, com menos frequencia, porém filmados como sempre à régua. Depois escrevo sobre. Meu filme preferido dele continua sendo Caché, aquela coisa perfeita, que me pega sempre pelo pescoço e não solta nunca mais.

O cd tá quase baixado, o humor melhorou, mas a ressaca permanece. Agora toca Everywhen, vou cuidar da vida.

Outono?

Quase 07 horas da manhã, acabo de chegar em casa. Vim falando em várias línguas no metrô (hoje tava com uma preguiça de falar alemão...), falando sobre sexo, sadismo e... amor! Mas acabo a noite sozinho, nesse frio (0°) e na manhã completamente escura. Vou tentar acordá-la com um sms, como quem não quer não nada, pra ainda tentar arrumar companhia nesse tempo frio.

Esse blog tá parecendo um Fotolog ou um Twinter. Não queria colocar esse textos curtos e pessoais, mais to com uma necessidade muito grande de escrever, compartilhar, dividir, somar e multiplicar.

Boa noite.

16.10.09

Ausente

Enfim, várias atualizações no blog. Espero que vocês leiam os quatro posts abaixo, que escrevi num surto criativo que tive nessa tarde fria, enquanto era pra tá escrevendo meu Bewerbung (carta de intenção) para um estágio por aqui. Bewerbung, amnhaã sem falta.

Tudo isso porque agora vou sumir de vez. Semana que vem começam as aulas e vai rolar um dos bicos que ando fazendo. Vou continuar, mesmo estando auto-sustentável agora, pois quero comprar uma câmera de verdade ou viajar pra longe no Natal e Reveillon. Escolhi 5 cadeiras, entre elas alguns seminários, uma cadeira de mestrado e o último nível do curso de alemão. Mas talvez não faça todas, preciso ainda falar com os professores. Achei duas cadeiras sobre Economia da Cultura, espero que sejam de acordo com minhas expectativas. Vai ser pesado, e agora carrego um peso maior nas costas pelo fato de não ter rendido no sommersemester. Desejem-me sorte.

Até breve, talvez. Beijo em todos. Saudades.

Ah! Só o Flickr que não consigo deixar de lado. Toda semana tá atualizado. Vejam lá.

http://www.flickr.com/photos/brecht_deandada/

ps.: Luís, Tábata e menina de design, ainda vou responder os emails!!!






Porco dio, ma che troppo bene!

Realidade

Mais um pensamento por hoje.

Sempre se discute em conversas lisérgicas, entre um copo e outro de cerveja, ou simplesmente na cozinha ou no Mensa o que vem a ser a realidade. As conversas sempre passam por LSD, cogumelos e Matrix, mas nunca se chegam a conclusões. Eu só sei que o que eu vivo agora não parece ser realidade. Viver num dia-a-dia sem tempo de pensar, fazendo tanta coisa que nem percebo mais o que faço e quando vejo já estou dentro de um carro indo pra outro país. Claro, quando tenho que trabalhar, ou quando tenho que ler os textos em alemão pra Uni ou ainda falar sobre coisas importantes com professores e coordenadores e as palavras não fluirem direito, é um choque de realidade. Mas até isso, quando lembro depois e não consigo mais identificar que língua que eu tava falando ou quando consigo ir pra Amsterdam ou pra Oktoberfest apenas com dinheiro de bicos, parece uma espécie de sonho. Mas enfim, o que é que eu to falando??? hehehe

Acorda brecht, hora de trabalhar.

Erasmus


Kino International
Upload feito originalmente por brecht [Albrecht Mariz]
Andam dizendo que quem organiza as festas Erasmus tá enlouquecendo. Com o começo do Wintersemester, tão muito constantes. E a festa de hoje, será nada mais, nada menos do que no Kino Internacioanal, um bloco de concreto no coração da Berlin Oriental, que por dentro é essa coisa linda. Pois é, o Erasmus Team está ficando doido. Que bom.

15.10.09

Convivência

Um dos maiores aprendizados de se morar fora é aprender a conviver com as diferenças. E nem sempre é muito fácil. Quando se trata de espanhóis, italianos, portugueses, franceses ou os hermanos latinos, não há nenhum problema. Somos todos da mesma forma, ocidentais, consumimos em grosso modo a mesma cultura e nos identificamos mais ou menos com as mesmas referências. E o humor é o mesmo, sempre é uma festa. A coisa já muda um pouco com os alemães, que são até bem mais abertos do que eu pensava, mas ainda sim se distanciam um pouco. Eles também consomem a mesma cultura, mas têm uma própria cultura alemã muito forte, que ao contrário dos americanos, não é muito exportada, sobretudo em termos de música. Além da produção cinematográfica, principalmente em Berlim, que é enorme, mas fica restrito bastante ao no consumo interno. E claro, a educação pais-filhos é bastante diferente da nossa. Isso faz com eles tenham referências um pouco diferentes. Meio complicado é conviver com os orientais e muçulmanos. Cultura completamente diferente, em todos os sentidos. Nos respeitamos entre si, mas é muito difícil de se misturar, as idéias não batem, sobretudo com os muçulmanos. E os orientais são super fechados, sempre em grupos, talvez por serem na maioria das vezes extremamente tímidos.

Divido cozinha e banheiro com uma muçulmana dos Marrocos, outro marroquino, muçulmano mas não segue todos os costumes(primeira vez que vejo isso), uma coreana, uma libanesa, uma alemã, um russo, um alemão, uma palestino da faixa de Gaza, um búlgaro, um cara do Camarões e uma tia da Georgia, que até hoje não trocou uma palavra comigo, a não ser um breve "Hallo". Na cozinha sempre rola assuntos complicadíssimos como política e religião, quase sempre impossível discutir esses dois temas.

Aqui talvez as pessoas não se entendam completamente, mas se aceitam e se respeitam. Isso é o mais importante.

11.10.09

Euro Trip - Derrière des forêts cosmopolites


Eu, Léo, Rico e Rodrigo. Osnabrück, Alemanha.

Pelas ruas fervilhantes do Soho em Londres, nas ruas em torno da Puerta del Sol em Madrid ou pela vielas estreitas entre prostitutas, drogas e coffee shops do Red Light District em Amsterdam.

Foram essas, as três viagens que fiz pela Europa até agora, além de Praga e outras cidades da Espanha. No domingo cheguei de viagem de Amsterdam, depois de viajar 09 horas de ônibus. Ainda faltam algumas cidades pra conhecer, mas agora vou ficar um tempo sem viajar, só estudando e aproveitando Berlim.

Amsterdam

Erámos três, eu, Leo e Rodrigo. Saímos, na outra terça-feira de Berlim pra Amsterdam. A idéia original era ir pra estrada e pedir carona, mas acabamos abortando a idéia porque já estava um pouco tarde e conseguimos uma carona paga através do site Mitfahrgelegenheit. O carro era um Clio antigo e o motorista, um alemão da DDR chamado Rico. Tudo certo durante a viagem, fui conversando com Rico sobre DDR, Muro e sobre os vários países que ele havia morado. Mas, quando já estava cochilando, o carro inventa de quebrar. Todo mundo pra fora, chovendo muito e fazendo um frio absurdo na estrada. Mais uma hora e chega o reboque, que nos leva para uma cidadezinha chamada Osnabrück. Nessa cidade iríamos pegar um trem direto pra Amsterdam, faltavam apenas 250 km. Mas o trem só sairia às 04:30 da manhã, ainda eram 09 da noite. Então compramos vinho, ligamos o som (Arctic Monkeys, na expectativa do show) e ficamos na estação passando o tempo e conversando, acabamos nos decidindo em tentar pegar carona na estrada pela manhã, pois havia visto noutro site de caronas (hitchbase.de) uma dica de um local que parecia ser bom para pegar carona sentido Amsterdam. Os bancos onde estávamos pareciam umas camas, então tiramos um cochilo, só acordando com muito frio pela manhã ainda escura. Fomos pra estrada, passamos quase 03 horas pedindo carona, mas não deu certo. Então, decidimos esperar uma carona que passaria em Osnabrück de 14h, enquanto um de nós três iria de trem direto pra Amsterdam, pois a carona era apenas pra duas pessoas. Nesse tempo, praticamente acampamos numa loja de Döner e ficamos esperando o tempo passar. Enfim, chegou a carona, uma van amarela estilo Edukators, perfeito. Três horas de viagem e chegamos em Amsterdam, depois de um dia e meio de viagem ao total.

Muita chuva na cidade, era impossível de andar sem se molhar. Fomos deixar nossas coisas na casa de um cara que ficou de nos receber através do Couchsurfing. A casa ficava em Haarlem, cidade vizinha de Amsterdam, quase um Recife-Olinda. Deu pra comer, beber e dormir muito bem, recuperando as energias. No outro dia, fomos enfim conhecer a cidade.

Amsterdam é uma das cidades mais bonitas que visitei, uma arquitetura bem peculiar, com as casas que parecem tombadas pros lados ou pra frente, nunca sendo lineares. Canais, casas-barcos e bicletas por todo lado, deixando o clima de cidade pequena, apesar da loucura que é a cidade na verdade. Claro, não se pode deixar de visitar o Red Light District, com as mulheres mais lindas se vendendo nas vitrines. Também faz parte de qualquer tour pela cidade, passar pelos Coffe Shops, com um menu extenso com vários tipos de maconha, haxixe, skank, bolos, chás, cogumelos...

Nesse mesmo dia, fomos pra Leiden, 50 km de Amsterdam, pra visitar Gregor e dormir por lá. Claro, nos perdemos e demoramos muito até chegar lá. Na sexta, voltando pra Amsterdam tentamos não pagar tickets, mas dois de nós fomos pegos. Eu e Léo escapamos por pouco, quando os fiscais já estavam um na frente e outro átras, sendo nós os próximos a termos que mostrar os bilhetes, a porta se abriu e saímos correndo do trem. Por pouco.

Mais um noite pelo Red Light District e no outro dia ainda andamos pela cidade, fomos na casa que Anne Frank morou, andamos de novo pelo Red Light District e quando vimos já era hora de voltar. Dessa vez, sem riscos, passagem comprada com antecedência, direto pra Berlim.

London

Green grass, grey sky, overcrowd metro, fish and chips, tee... Yes, it's London.

No começo de agosto fui pra Londres, gostei bastante. Sobretudo do centro, onde milhares de pessoas andavam rápido pelas calçadas estreitas e depois das 18h começavam a funcionar os bares. Oxford Street é onde se concentram as lojas e Soho, próximo a Piccadilli Circus, onde estão a maioria dos bares do centro. Lá também funciona a Chinatown, complexo de ruas que formam o bairro chinês no meio da cidade.

A viagem começou em Frankfurt (Hahn), onde encontrei com Dai e Cassi, lá passamos seis horas esperando o vôo para Londres. Dormir no chão até que não foi problema, isso até uma voz nos altos falantes do aeroporto começar a gritar para tomarmos cuidado com as malas. Cheguei em Londres, só querendo dormir. E de fato dormi uma hora no primeiro parque que encontrei.

Primeiro lugar a visitar foi o British Museum, onde estava a Rosetta Stone, múmias, sarcófagos e mais um monte de coisa que nem esperava ver por lá. Mas o que mais me chamou atenção foram quatro fotos de um cara chamado Ben Bohane. Fotos tiradas nos 60 de guerrilhas na África.

Em Londres a grande maioria dos museus são gratuitos, inclusive o Science Museum com seus dinossauros, o Tate Modern com obras de Picasso, Dalí, Miró e outros pintores importantes e o National Portrait Gallery, com fotos de ingleses famosos. Lá estava havendo uma exposição temporária de fotos de um turnê européia Bob Dylan nos anos 60, apenas 14 fotos por Barry Feinstein. Do caralho!!!

Foi bom ter passado uma semana em Londres, pois deu pra sentir bem o clima da cidade. Andei bastante de metrô, o famoso Undergrownd, ou para os londrinos the tube. (Super Overcrowd) Passava algum tempo no metrô pra chegar em Stratford, a famosa Bela, lá a galera me recebeu super bem. Pessoas de primeira.

As ruas do centro eram enlouquecedoras, calçadas estreitas, pessoas apressadas, carros na "contra-mão" (look right! no no! look left!!! - não sei como não fui atropelado). Na Oxford street, tinha a impressão que as pessoas iam me devorar se eu parasse de andar rápido. O ritmo é imposto pela cidade.

Londres foi a cidade mais cosmopolita que eu visitei, o metrô e as ruas eram como a Torre de Babel, eu desisti de tentar descobrir que língua que as pessoas falavam. A imigração de indianos lá está como a imigração de turcos aqui em Berlim, ainda com a facilidade da língua ser a mesma, devido a colonização inglesa.


Madrid e Castilla y Leon


Welcome to Tijuana!

Antes e depois dos dez dias no Marrocos, conheci algumas cidades da Espanha. A conexão (de três dias) para Casablanca foi em Madrid. Me senti em casa andando pelas ruas da cidade. As ruas próximas a Puerta del Sol se assimilavam bastante com a rua da Imperatriz no centro de Recife, camelôs vendendo de tudo, muita gente e até aqueles caras comprando ouro. O fato da língua ser bastante próxima ao português, me fez sentir mais ainda em casa, lá pude conversar com desconhecidos na rua sem problemas.

Madrid foi meu maior gasto em viagens, pois eu só fazia comer e beber. Bocadillos, tapas, cañas geladas. Os melhores e mais baratos lugares pra aproveitar a culinária espanhola são o Museo del Jamon - lá a gente decidiu algumas (poucas) coisas pra viagem do Marrocos, El Tápon na cidade vizinha e histórica de Alcala de Henares e o Mercado de San Miguel, onde passamos um dia inteiro bebendo e comendo azeitonas, nesse dia, inclusive, me perdi pra chegar em casa, mais de quatro horas, no percusso que seria de uma hora e meia. hehe

Madrid, com certeza seria uma cidade que eu moraria.

Antes do Marrocos ainda fomos em Toledo, cidade linda com ladeiras estreitas e inclinadas, lembrando muito Olinda. Lá conhecemos nossas amigas chilenas, que só fomos encontrar novamente no caminho do Saara.

Dez dias no Marrocos e voltamos direto para Valladolid, cidade universitária no coração de Castilla y Leon. Fomos de ônibus e cada um fez um amigo pra ir conversando. Conversas sobre novos lançamentos para PS2, sobre putas e drogas pelo mundo afora, outra conversa que rendeu ótimas coisas depois e o quarto integrante foi babando na janela do busão. Chegamos lá como se tivemos saído direto do deserto, sem água, nem comida. Um banquete que não esquecerei jamais estava quase pronto, tempo só de tomar um banho e mandar mensagem pro Brasil pra dizer que tava bem. Laura, Marcela e Anamaria se garantiram demais! Na cidade, passava o dia dormindo e a noite bebendo. Eita vida boa!

Antes de voltar pra Madrid e pegar o vôo pra Berlim, ainda passei em Salamanca, outra cidade Erasmus. Cidade linda, mas infelizmente só pude passar o dia, pois não arrumei onde dormir, sem dinheiro para hostel e os contatos de lá tavam na França. Terminei a viagem literalmente a pão e água na rodoviária de Salamanca. Liguei pra Poly que me abrigou de novo em Alcala e ainda me deu 5 euros pra eu pegar o trem até Madrid. Valeu Poly!!!

Ainda volto na Espanha com certeza, pelo menos pra conhecer Barcelona!

Oktoberfest

E ainda teve a Oktobertfest em Munique no penúltimo final de semana de setembro! Uma das melhores festas do mundo! Me pareceu uma espécie de carnaval alemão, todos bêbados cantando apenas umas 10 músicas no total, mulheres lindas com aquelas roupas da Bavaria e muita cerveja!

Alugamos dois carros e chegamos por lá na madrugada da sexta pro sábado. Uma amiga dos "piá" nos hospedou. O combinado era que cinco pessoas dormissem lá, mas acabamos todos os dez dormindo na sala, onde já dormia um casal de americanos. Foi surreal nossa chegada, eu já entrei na casa enchendo o saco de dormir, e me instalei no cantinho. Em segundos já tinha alguém roncando, foi foda pra dormir. Três horas depois, despetador toca e todo mundo ao mesmo tempo se levanta, arruma tudo e desfaz o acampamento em segundos. Hora de beber, gente pra caralho na entrada das tendas, só conseguimos ficar no biergarten, não dando pra entrar na tenda. Depois saímos do biergarten pra ir no banheiro e não nos deixaram entrar mais, muita gente. Fazer o quê né, então vamo beber Jägermeister que a cerveja é cara! (9 euros o litro!!!) Depois de muito pertubar, dormir na grama, passar frio, ficar de ressaca e melhorar em algumas horas e passar bem uma hora numa fila de uma tenda, conseguimos entrar numa das tendas, graças a uma figura surreal que apareceu por lá. Tive que deixar a garrafa de Jägermeister na entrada, wie schade, e entramos. Lá dentro, de fato acontece a Oktoberfest, todo mundo em cima das mesas cantando "ein prosit, ein prosit..." ou ainda griesischer wein, ou ainda, ou ainda.. As pessoas faziam das mesas pista de boliche com seus corpos alcoolizados, não paravam de brindar e cantar, uma doidera. Achei uma máscara no chão, alter-ego em ação! Roubamos as canecas, a tenda fechou, nos expulsaram de lá e fomos aprontando no meio da rua com todo mundo que passava. Acho que nunca tive tão bêbado desde que cheguei aqui. Polícia, Mcdonalds, dormindo na estação de metrô, sem mais transporte em Munique, frio, táxi, casa.

No outro dia ainda queria ir no Neuschweinstein, mas ninguém topou. Então fomos conhecer a cidade, 30 minutos andando e olhamos um pro outro e.. vamo beber!!! Muito melhor no domingo, menos gente, deu pra entrar em todas as tendas que queríamos. Mas as macas continuavam passando com os alcoolizados direto pro hospital. Difícil foi querer voltar pra casa. Chegamos em Berlin só pela manhã já pra devolver o carro. Nessa semana que se seguiu eu devo ter dormido ao todo umas 15 horas. Fiquei até doente.

Esse final de semana de Munique foi um dos melhores e mais loucos finais de semana da minha vida!



Lar, doce lar


Algumas pessoas dizem que o melhor de viajar é poder voltar pra casa. Claro que não concordo com isso, mas de fato é muito bom voltar pra casa e como é bom reconhecer Berlim como casa. Sobrevoando a cidade, já pode se ver a Fersehenturm brilhando e imponente como sempre, é de arrepiar. Descer no aeroporto, escutar de novo o alemão, reconhecer as palavras, pegar o metrô, Kreuzberg, linha U1, pessoas saídas de um filme de Lynch, descer no Zoologischer Garten, comprar um döner atrás da Gedächtnis Kirche, uma cerveja no turco e ir andando bem devagar pra casa sentindo os milhões de cheiros, flashes e sensações dessa cidade, que é feita de pedras e histórias sombrias, mas parece encantada.

5.10.09

Outono


Red sky and the tower.
Upload feito originalmente por brecht [Albrecht Mariz]
Começando a esfriar de novo em Berlim. Depois de alguns meses com temperaturas bem altas, com o dia mais quente do ano a 36°, as folhas das árvores começam a ficar amareladas e a caírem, o dia escurece bem mais cedo geralmente com essa textura vermelha inacreditável e o dia amanhece assustadoramente tarde, assim sendo preciso às vezes, sair ainda no escuro pra rua.

Mas as pessoas continuam com a energia do verão, do calor, aproveitando os dias como se cada dia fosse o último a não fazer tanto frio. Com o frio chegando, a necessidade de um abraço, de um corpo ou uma boca quente aumenta, fazendo com que nossas camas amanheçam mais quentes, nos envolvendo num domingo de manhã para que fiquemos mais um pouco entre cobertas e travesseiros.

31.8.09

Inglourious Basterds



Sendo exibido nos cinemas desde o dia 20 de agosto por aqui, só fui assistir nessa semana o novo Tarantino.

O filme se passa na França ocupada pelos nazistas durante a Segunda Guerra, sendo falado em inglês, francês, alemão e ainda em italiano, no começo da primeira sequência e em outra cena cômica entre os Inglourious Basterds e o caçador de judeus, Hans Landa. O filme se afasta dos EUA, mas Tarantino mantém seu estilo e referências, deixando o filme inconfudivelmente com sua marca.

Apesar de não ter a descarga elétrica de Death Proof, o filme consegue manter acessa toda a pláteia do começo ao fim das suas quase duas horas e meia de projeção. Curioso ter assistido aqui em Berlin, com tantos alemães, que em sua maioria talvez tenham tido pais ou avôs que faziam parte do regime nazista. E ver nazistas sendo esfolados e queimados pode ser incomôdo, por mais ódio que a geração atual tenha dos nazistas. Entretanto todos parecem ter adorado, a pláteia participava e vibrava com as cenas e diálogos multilinguais. No final o filme foi bastante aplaudido. A exceção foi um senhor que estava do nosso lado e parece não ter gostado muito, entretanto ficou até o seu final demoníaco, assim como todas as 500 pessoas no cinema completamente abarrotado.

O título, e provavelmente o filme, foi inspirado no filme italiano Quel maledetto treno blindato (The Inglorious Batards), filme de 1978. Enretanto não se trata de um remake. O título sugere que irá ser narrada a história dos Inglourious Basterds, grupo de soldados americanos de origem judaíca liderados por Aldo Raine, interpretado por Brad Pitt. Mas não é bem o que acontece, os Basterds ficam ausentes boa parte do filme, sendo a história desenvolvida através de vários personagens distintos. Como Shosanna, a dona do cinema onde se passa grande parte do filme, assim como os personagens pitorescos de Goebbels e Hitler, Frederik, o soldado e ator alemão, interpretado por Daniel Brühl, sempre com cara de mocinho apesar de soldado nazista e principalmente o alto comandante alemão Hans Landa, numa atuação perfeita de Christoph Walz. Como saiu na Yorker, revista do maior grupo de cinema de Berlin com ótimas críticas sobre os filmes, Einer spielt sie alle an die Wand: Christoph Walz, ou seja, um joga tudo contra a parede, modo alemão de dizer "do caralho!".

Sempre vemos em seus filmes, uma declaração de amor ao cinema e nesse não podia ser diferente, com o filme quase todo se desenvolvendo em torno do cinema em Paris e tendo lá o seu final com projeção fantasmagórica em meio à fumaça, Tarantino remete que filmes podem pôr fim a uma guerra.

Antes da exibição, trailer de Das weisse Band, Palma de Ouro em Cannes, estreia aqui em outubro. Haneke e Tarantino são diretores que tratam da violência em seus filmes de modo tão equivalente ou distinto, dependendo do ponto de vista, eu não sei ainda qual o meu. Interessante.



International Kino Berlin, 31 de agosto de 2009.

24.8.09

2.2



Como em todo ano, muita bebida, gente pra caralho, descontrole absoluto, quedas de bicicleta e um pouco de vandalismo saudável. Não poderia ser diferente só por estar em Berlin. Ontem foi um dia bem louco e divertido. E claro, com o sol que fez, tinha que ser no Mauerpark, melhor lugar de Berlin aos domingos. Ainda escrevo sobre esse lugar aqui. Gente do mundo todo, cerveja, caipiginha e boulette. Tipicamente berlinense. hehe

Mas senti falta das comemorações de Recife, era sempre uma felicidade enorme reunir todo mundo. Saudades.

E parabéns bunita! Esse ano não deu pra gente comemorar junto, mas ano que vem a gente desconta! uhu!

5.8.09

MARROCOS


Mochila nas costas e sem limites de velocidade. Atrás, o carro que alugamos. Começo da viagem. Casablanca, 27 de maio de 2009.

[Enfim o texto do Marrocos, mas ainda é a primeira parte]

Ao som de Manu Chao, trilha sonora de TODA a viagem, me inspiro pra escrever sobre o Marrocos.

Dois boratchos durante uma noite a la fundo blanco, têm a idéia de ir para o Marrocos. E assim, boratchos, compram as passagens para Casablanca. Um me liga e lança a idéia. Mas estou em aula, digo. Deixa de frescura, Brecht! Tá, vamo nessa! E já compro as passagens. Ligo para o quarto integrante da expedição, que fica enrolando e só compra a passagem dois dias antes da viagem. Grupo formado!

Mas ficam as dúvidas, que vamos encontrar lá, que cidades a gente vai visitar, como fazemos tudo..? Para isso existe a Lonely Planet! Livro comprado horas antes do vôo Madrid-Casablanca. Sem esse livro e claro, o mapa da Michelin, não sei como faríamos tudo. Foi providencial.

Atravessando o Estreito de Gilbratar e tentando bolar um roteiro, que foi sempre modificado, aquele velho papo de foco. Mas que bom.

Chegando em Casablanca, alugamos um carro, depois de muita conversa pra baixar o preço, claro. O aeroporto fica a 30 km do centro de Casablanca. Só eu tenho carteira, então vamo lá! Liga o carro, porra! Calma doido! Liga o som! Eita caralhoo! Só música árabe! Pegando a estrada, esquecemos de encher o tanque, gasolina acabando, mas por sorte achamos um posto. Quem trocou dinheiro, hein? Eu não brother, todos dizem. Depois de muita confusão tentando trocar dinheiro, passamos no cartão, tão fácil né. Agora a gente chega! uhu! Mas tinha um pedágio no meio do caminho, a moça só falava francês. Depois de várias tenativas de explicar a situação,[hablas español?, do you speak english?, sprichst du deutsch?], o taxista que tá atrás impaciente troca dinheiro pra gente. Será agora que a gente chega?

Não antes de quase enlouquecer no trânsito, o mais caótico que já vi! Centenas de mobiletes antiguíssimas e barulhentas, carros, caminhões, pedestres, cavalos, passam tirando fino do retrovisor, trancando a gente, nos xingando em árabe. Foi uma tarefa difícil dirigir lá, deu vontade de largar o carro no meio da rua. Depois de alguns sustos no trânsito e de muito rodar pra achar uma casa de câmbio, deixamos o carro no estacionamento e fomos atrás do albergue.

Sem problemas para achar o albergue, que ficava dentro da Medina, o centro histórico que toda cidade do Marrocos têm. Deixamos as coisas e fomos átras do famoso cuzcuz marroquino, sem sucesso. Depois viemos descobrir que não é servido todos os dias, pois faz parte da tradição de lá, só viemos comer o tal cuzucuz marroquino em Fèz. Caminhando pela Medina vemos um bar de teto bem baixo e rebuscado cheio de homens tomando café ou o chá assistindo algum programa nas várias televisões espalhadas pelo salão. O ambiente era meio opressor para nós, turistas, e nem pensamos em parar pra tomar um chá e trocar idéia com o dono ou tirar foto. Seguimos e claro, nos perdemos naquele emaranhando de vielas. Avistamos a Hassan II e seguimos para lá, não antes de pegar a direção oposta átras do cuzcuz e comer um sanduíche que tinha até arroz dentro, com uma Coca-Cola.

Enfim, a Hassan II, a construção mais impresionante que vi no Marrocos e uma das coisas mais grandiosas do mundo. É a terceira maior mesquita do mundo, construída em 1993 pelo então rei, Hassan II, custou 500 milhões de dólares americanos. Ao redor da mesquita, favelas. Ao mesmo tempo impresionante de se ver e revoltante, com tanto dinheiro podia-se construir uma nova Casablanca, bem menos miserável.

Passamos horas olhando a mesquita e tirando fotos, isso porque não entramos, pois a entrada só é permitida aos muçulmanos. E quando deu 21h, a última oração do dia, Salát Al-Ichá (A Oração do Anoitecer). Um homem entoava algo que ressova por toda a redondeza, era muito forte, tinha muita energia. A mesquita parecia nos atrair magneticamente, não conseguiamos sair de lá, e quando, enfim saímos, íamos olhando pra trás o tempo todo.

Fomos atrás de algo pra comer e de uma cerveja, à beira da praia, me sentia em alguma cidade no litoral do nordeste, uma cerveja ia cair muito bem. Mas, para meu desespero, não se vende alcóol em todos os lugares do Marrocos, sendo muito raro de encontrar. Suco de laranja então! Uma das especialidades do Marrocos. Ainda pedimos leite quente, sem entender o menu, pensando que era algo típico de lá! hahaha

Indo pro albergue andando, nos sentimos no Brasil, devido a uma certa sensação de insegurança, mas chegamos bem e ainda a tempo de pegar a porta aberta, que fechava de meia noite.

Acordamos e fomos ver a Hassan II por dentro no horário de visitação. Nos impresionamos mais ainda com o que havia dentro, portais enormes, mosaicos multicor, banheiro turco. Tudo incrível, mas não dava pra esquecer a pobreza que havia do lado de fora, um contraste gritante.

Hora de ir pra Rabat, a capital. Estrada com pedágio, mas bem barato, paracia um tapete, me senti numa Autobahn alemã, tanto que o radar da polícia acusou excesso de velocidade. Fomos parados, mostramos os documentos, nos informaram que a gente ia ter que pagar uma multa, conversa vai, conversa vem e o policial pergunta de onde somos. Brasil, respondemos. Ah, Sócrates, Péle, Ronaldinho! - fala o policial. Ainda bem que tinha dois entendidos de futebol no carro, aí ficaram conversando sobre os times do Brasil, do Marrocos e o guarda liberou a gente. Futebol mostrou-se uma forma infalível de se livrar de multas no Marrocos em mais duas ocasiões, na última já tinhamos todo o script na cabeça inclusive. Então seguimos viagem, um pouco mais devagar.

Chegando em Rabat [ao som de Chico Science, O Cidadão do Mundo] já podemos ver muita diferença em relação à Casablanca. Cidade mais rica, organizada, o trânsito nem enlouquecia. Era tão relax dirigir lá que decidimos dar uma volta pela cidade de carro e só mais tarde ir atrás do hostel. Fomos, claro, pra praia, já que Rabat fica na costa. Chegando lá, um cemitério enorme na beira da praia, muito inusitado. Saudade de mar, então vamo entrar na água! Alugamos um body board e fomos que nem crianças correndo loucamente pra água. Colocando o pé na água, que frio! Mas isso não impediria nunca de entrarmos. Ficamos pegando onda, brincando com as crianças e tremendo de frio. Na areia tava rolando uma pelada e pedimos a próxima. De onde são, perguntaram. Quando dissemos, enlouqueceram, fizeram um campo marcado na areia, se reuniram, fizeram táticas, e durante o jogo nos deram milhões de caneladas. Começamos ganhando, mas o jogo terminou empatado em 4x4, resultado vergonhoso para nós e vitória para eles. Nossa desculpa foi que ficamos abalados porque haviam roubado nossas coisas que estavam na areia. Ainda bem que eram só as camisas, havaínas e meus óculos de sol.

O sol vai mergulhando no mar, hora de achar o albergue. Lá conhecemos os parceiros, brothers de toda a viagem, los hermanos, nossos amigos argentinos. Que haviam pegado o mesmo vôo com a gente, e já havíamos nos encontrado em Casablanca. Então fomos comer algo e pensar nas próximas cidades e o que iríamos fazer amanhã. Essa sensação de sentar, abrir mapa e livro e programar viagem é uma das melhores sensações que se pode sentir, não sei nem explicar isso.

No outro dia, conhecemos a medina da cidade, mais algumas partes da praia e partimos. Agora pra Meknés, uma das quatro cidades imperiais. Que sem a dica dos hermanos nem iríamos conhecer. Lá estacionamos um carro e um guia queria nos mostrar a medina por alguns dhs (lê-se dirans, a moeda marroquina). Um pouco desconfiados, mas fomos com ele, que nos mostrou a medina e a parte onde se fazia trabalhos com ferro. Muitas crianças trabalhando, o que parece não condizer com a estatísticas oficias sobre trabalho infantil, que indica ser bem baixo o número de crianças que fazem parte da força de trabalho.

Então, o guia nos levou até uma loja de tapetes, onde começou uma apresentação de tapetes marroquinos. Nos serviram o famoso whisky marroquino, que até então pensei que podia haver alcóol, mas não era nada mais que um chá. Foi uma experiência mágica, aqueles tapetes sendo exibidos, os caras sabem vender seu peixe bem. Os marroquinos tem uma aptidão enorme para ser negociantes. E falar que vai comprar algo e depois desistir para eles é uma ofensa grave, para eles essa coisa da palavra é levada à risca.

Encontramos com o guia, voltamos ao carro e vamos para Fèz, outra cidade imperial. Mais problema com a polícia, mas dessa vez não foi minha culpa. O guarda inventou uma infração para nos extorquir dinheiro. A multa começou com 400 dhs, passou p 200 dhs e foi baixando, até ele nos deixar de ir embora, claro depois de muito conversar sobre futebol.

Chegamos em Fèz de noite, paramos num supermercado e comemos em cima do carro. Rodamos a cidade atrás do albergue, não achamos e pedimos ajuda a um marroquino, que ligou pro hotel, perguntou onde era e fomos seguindo o carro dele até lá. Os marroquinos quase sempre foram muito simpáticos e prestativos, com algumas péssimas exceções, claro. Acabamos ficando na casa de uma família, um Riad. E finalmente compramos cerveja [uhu!], a primeira cerveja depois de dias, tomada na laje do Riad e super quente.

No outro dia fomos conhecer a medina, como em todas cidades. Mas essa tinha algo de especial, era enorme e impossível de não se perder, acho que passamos seis horas rodando por aquelas vielas estreitas, comendo doces sem parar e sempre dando voltas e retornando ao mesmo lugar. Lá finalmente comemos o famosos cuzcuz, numa loja de tapetes, nada mais marroquino do que isso. Cuzcuz para 6 pessoas num prato enorme. Muito bom.

Nos despedimos da cidade vendo o pôr do sol nas ruínas de Fez.

[em breve a continuação da nossa saga]

...

2.8.09

Notícias




Passado o vislumbramento inicial de ver tudo novo e diferente e exatos cinco meses vivendo em Berlin, talvez possa agora ter uma visão geral desse meu tempo aqui. E assim volto, depois de muito tempo sem postar e sem escrever muito sobre o que anda se passando a dar notícias.

Gostaria de dar melhores notícias, mas nem sempre as coisas saem como planejado. Ainda não estou falando bem alemão, consigo me comunicar razoavelmente no dia a dia, falando coisas mais básicas. Mas, em termos de universidade, por exemplo, andei apanhando bastante do idioma, havia aulas que eu não entendia quase nada. Por conta disso, não consegui fazer os trabalhos para ter as notas suficientes para passar nas cadeiras e fazer as equivalências no Brasil, com exceção do curso de alemão, que conta como cadeira eletiva, são 6 ECTS. Eu realmente tentei, mas ler os artigos e escrever os textos não me foi possível. Alemão não é um idioma fácil, acreditem. Fiquei bastante frustrado com isso, mas depois desencanei, corro atrás disso quando voltar ao stress do curso de Economia da UFPE. Isso não prejudica meus planos de voltar a estudar ou trabalhar aqui, acho. Tá certo, não ajuda, mas também não atrapalha. Pelo menos assim quero pensar. Porém tenho que explicar muito bem tudo isso na universidade aqui.

Depois que não conheço muita gente aqui, tenho poucos amigos. Na minha residência praticamente só moram pessoas que têm sua vida aqui há tempo e não saem dessa rotina, dificulta pois acabamos não se misturando tanto. Mas sempre estou na cozinha e acabo conversando com todo mundo, praticando meu alemão. Apesar de poucos amigos, tenho feito boas amizades aqui, pessoas que admiro bastante e que aprendo muito com elas. Também passaram pessoas, que assim como eu, continuaram sua andada e não permaneceram muito tempo, mas que vou sempre lembrar com carinho.

Situação financeira se transformou no último mês num problema, o dinheiro que havia juntado em Recife não está lá muito bem, e detalhe que ainda não tenho passagem de volta. Tive alguns gastos imprevistos, gastei muito na viagem do Marrocos e Espanha e a vida aqui, apesar de ser barata, não é tanto para mim. Ainda não havia procurado emprego, pois o idioma ainda não estava fluindo, mas agora preciso arrumar de todo jeito. Já fui em alguns lugares, mas nada até agora. Nessa semana vou na agência de emprego e em alguns bares. Coloquei meu nome na lista para ser uns faxineiros do prédio, com esse dinheiro já pagaria meu aluguel.

Andava numa fase mal, não sei que porra eu tinha. Disperso, completamente desorganizado, sem vontade de fazer nada, sem energia. Andava meio cabisbaixo e triste. Vejam só que despautério. Não estava me reconhecendo. Mas agora to melhor, to de volta! haha

Não pensem que estou reclamando, estou feliz pra caralho por estar aqui. Berlin é uma cidade fantástica, louca e pulsante. Tem muita vida. E está sendo uma experiência única esse tempo aqui.

Fazer intercâmbio numa cidade como Berlin é um pouco diferente, creio. Sendo uma cidade enorme, de proporções absurdas mesmo, as pessoas acabam não se encontrando por acaso, se torna difícil construir relações aqui. Aqui não é aquela loucura de Erasmus que é a Espanha, por exemplo. Ah, a Espanha... Além do que se eu quiser não falo alemão, a maioria das pessoas, pelo menos os mais jovens, falam um inglês perfeito, e ainda por cima a quantidade de pessoas que falam espanhol aqui chega a ser um absurdo. Meu espanhol melhorou bastante em Berlin. hehe

Ainda me resta tempo para aproveitar a cidade, conhecer pessoas, aprender alemão e inglês, viajar e fazer os contatos para poder voltar. Haja o que houver, vai valer a pena. E essa é a minha história que eu mesmo estou construindo, com ajuda de outras histórias claro, sempre compartilhando e entrelaçando-as, mas é a minha história. Apesar das dificuldades do presente, da incerteza do futuro, vou construindo essa história com menos pressa agora, sem querer abraçar de vez o mundo. Faço o que posso fazer. E fico feliz de olhar para o passado e ver que construí algo, que tenho pessoas que sempre vão estar do meu lado e eu do lado delas. Isso me dá força. A estrada é longa, e eu sinto que só estou no começo. Mas agora, sigo mais tranquilo.

Escrevo isso pensando nas pessoas que admiro. Todos que penso agora escrevendo, são completamentes diferentes, cada qual com seu jeito. Mas todos incríveis, como profissionais e como pessoas.

Que mais, que mais? Acho que isso é tudo, ou quase tudo. Já são mais de 02h, preciso dormir para resolver umas coisas pela manhã.

Ciao ciao, bis dann, hasta!